Seguir uma dieta vegana durante apenas oito semanas está associado a alterações positivas nos marcadores biológicos do envelhecimento. De acordo com um estudo feito pela Universidade Stanford, nos Estados Unidos, publicado recentemente na revista científica BMC Medicine.
O estudo analisou 21 pares de gêmeos para observar quais mudanças ocorriam quando um seguia uma dieta vegana enquanto o outro comia uma dieta onívora – que incluía entre 170 e 225 gramas de carne, um ovo e uma porção e meia laticínios por dia – durante dois meses. A amostra era composta por 77% de mulheres (32), e os participantes tinham em média 40 anos e índice de massa corporal (IMC) médio de 26 kg/m2.
Especificamente, os pesquisadores analisaram mudanças nos níveis de metilação do DNA, que se refere à forma como a epigenética altera a expressão dos genes. Como regra geral, o aumento da metilação do DNA é considerado um marcador de envelhecimento. Essa alteração pode ser analisada através da coleta de amostras de sangue. No estudo, foram feitas coletas de sangue dos participantes no início, após quatro e oito semanas.
Nas primeiras quatro semanas, os participantes comeram refeições que foram preparadas para eles e, nas quatro semanas seguintes, eles prepararam as próprias refeições após receberem aulas de nutrição.
Os resultados mostraram que após esse período, houve redução na estimativa da idade biológica – conhecidas como relógios de envelhecimento epigenético – dos participantes que seguiram uma dieta vegana, mas não entre aqueles que seguiram uma dieta onívora. Eles também observaram diminuições nas idades do coração, dos hormônios, do fígado e dos sistemas inflamatório e metabólico dos participantes que seguiram uma dieta vegana, mas não onívora.
Apesar dos resultados, os pesquisadores ressaltam que não é possível afirmar que as diferenças observadas entre os participantes podem ser atribuídas à dieta exclusivamente, dado que variações na perda de peso podem impactar nesse resultado. Aqueles que seguiram uma dieta vegana perderam, em média, dois quilos a mais do que aqueles que seguiram uma dieta onívora, devido a diferenças no conteúdo calórico das refeições.
Além disso, como esse foi um estudo de curto prazo, não está claro se esses efeitos se mantêm no longo prazo. Segundo Tom Sanders, professor emérito de nutrição e dietética da Universidade King's College de Londres, em comunicado publicado na Science Media sobre a descoberta desse estudo, dietas veganas de longo prazo precisam de suplementação de vitamina B12, por exemplo, sob o risco de danos ao sistema nervoso.
“Estudos observacionais de longo prazo com veganos também encontram efeitos adversos na densidade óssea que são provavelmente causados por níveis muito baixos de cálcio e ingestão marginalmente adequada de proteínas”, completa.
Outro ponto é que não há garantia de que a alteração da metilação do DNA levará a uma vida mais longa.
Fonte: O Globo
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