
O Brasil está prestes a formar o primeiro biobanco brasileiro dedicado exclusivamente à pesquisa da síndrome de Down. Com sede na Faculdade de Medicina da USP, o 'Biobanco da Rede Buriti-SD' a iniciativa é uma parceria da Rede Buriti-SD com o Grupo Fleury, que conta com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
"Sabemos que a saúde das pessoas com síndrome de Down tem particularidades que precisam ser compreendidas e queremos que as famílias e os profissionais de saúde tenham acesso a informações mais seguras e completas, ajudando a melhorar o cuidado desde a infância até a vida adulta. Estamos muito felizes em contribuir com nossa experiência para a construção do biobanco, pois a maioria das referências que usamos para diagnosticar e cuidar de pessoas com SD vem de estudos internacionais, que não refletem a realidade da nossa população.
Esperamos que esse passo traga diagnósticos mais precisos e contribua para a personalização de cuidados e, consequentemente, com a qualidade de vida de pessoas com SD", ressalta a médica Maria Carolina Tostes Pintão, head médica de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury.
O projeto irá coletar, armazenar e analisar amostras biológicas, fornecendo uma base científica para estudos futuros e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com a condição. E será representativo dos participantes da 'Coorte Brasileira de Pessoas com Síndrome de Down' – dois pilares deste projeto estruturante.
O Biobanco da Rede Buriti-SD será composto por amostras de sangue e outros materiais biológicos de 650 pessoas com síndrome de Down, com mais de 6 anos de idade, de todas as regiões do país. Os polos de coleta serão distribuídos por oito estados: São Paulo (São Paulo e Campinas), Acre (Rio Branco), Brasília (Distrito Federal), Espírito Santo (Vitória), Ceará (Fortaleza), Alagoas (Maceió) e Paraná (Curitiba). As coletas serão realizadas de maneira domiciliar, em polos e laboratórios conveniados, buscando uma amostragem representativa e acessível.
Já o Grupo Fleury fica responsável pela análise diagnóstica do material coletado, o que inclui a confirmação da trissomia do cromossomo 21, que identifica a síndrome (quando o voluntário não tiver realizado ao longo da vida), exames hematológicos, hormonais e bioquímicos, bem como biomarcadores inflamatórios. Os dados serão utilizados para a criação de uma base de referência brasileira inédita e contribuirão para diagnósticos mais precisos e acompanhamentos clínicos de diversas condições comuns entre pessoas com síndrome de Down, como distúrbios endócrinos e predisposição a leucemias.
Além da criação do biobanco, a Rede Buriti-SD também estruturará um banco de dados com informações sociodemográficas e de saúde dos participantes, promovendo maior compreensão sobre os impactos da síndrome ao longo da vida. O início das coletas está previsto para março de 2025 e a conclusão do projeto deve ocorrer no final de 2026.
Fonte: O Globo
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