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Burnout e sobrecarga de trabalho: Entenda como notar o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional



Mais de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de níveis elevados de estresse, e muitos enfrentam o burnout sem saber, de acordo com a Associação Internacional de Controle do Stress e da Tensão (ISMA Brasil) . Entre os sintomas mais comuns, estão a exaustão física e mental, provocados pela sobrecarga no trabalho. Os sinais podem ser muito mais do que um simples cansaço – eles podem indicar o início do burnout, uma síndrome séria que afeta profissionais em todos os setores e gera consequências profundas para a saúde mental.


O burnout, caracterizado pelo esgotamento físico e emocional devido a condições de trabalho intensas, foi reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, com um código específico na Classificação Internacional de Doenças (CID-11).


O reconhecimento trouxe ainda mais visibilidade à síndrome, que já afeta um número alarmante de profissionais. De acordo com a ISMA Brasil, mais de 70% dos trabalhadores no Brasil enfrentam sintomas de esgotamento no ambiente corporativo. Pressões por resultados, excesso de trabalho e a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional são algumas das principais causas do burnout.


Para Marcos Tonin, executivo de Recursos Humanos, especialista em gestão de pessoas e saúde mental no trabalho, profissionais em cargos de liderança e executivos estão entre os mais vulneráveis ao burnout.


“Quando a pressão por resultados é constante e os limites entre trabalho e vida pessoal são borrados, o desgaste mental e físico acaba sendo inevitável. O burnout surge como uma consequência direta dessa falta de equilíbrio”, alerta o especialista.


Nos últimos anos, o burnout se tornou uma preocupação ainda maior no mercado de trabalho global, especialmente com a pandemia de COVID-19 e a adoção generalizada do modelo híbrido de trabalho. A transição para o trabalho remoto, que inicialmente foi vista como uma oportunidade de flexibilidade, trouxe consigo uma série de desafios para a saúde mental dos profissionais.


Estudo realizado pela Deloitte em 2023 aponta que 52% dos trabalhadores em grandes empresas dos EUA relataram aumento de níveis de estresse após a pandemia, com muitos citando a dificuldade em estabelecer limites claros entre a vida pessoal e profissional.


Além disso, um relatório da Gallup mostrou que, desde a pandemia, o burnout aumentou em 25% entre os trabalhadores remotos. A sobrecarga de trabalho, a ausência de uma separação física entre escritório e casa, e a pressão constante para estar “online” resultaram em um aumento significativo de casos de estresse crônico e esgotamento.


Com o modelo híbrido, a flexibilidade se tornou um desafio, e as empresas têm agora a responsabilidade de criar um ambiente que incentive a desconexão, sem prejudicar a produtividade.


Prevenir o burnout pode ser mais simples do que parece, mas exige esforço tanto dos profissionais quanto das empresas. Estabelecer limites claros é fundamental para manter o equilíbrio entre trabalho e descanso. Criar horários definidos para iniciar e encerrar o expediente e respeitar os momentos de pausa são práticas essenciais.


Empresas como Google e Microsoft já adotaram políticas que incentivam pausas e horários de desconexão, especialmente no cenário pós-pandemia, onde a linha entre vida pessoal e profissional se tornou mais tênue.


Delegar tarefas também é uma estratégia eficiente para evitar o esgotamento. Muitos profissionais sentem que precisam dar conta de tudo sozinhos, mas reconhecer a necessidade de ajuda e distribuir responsabilidades de forma equilibrada pode prevenir o desgaste. Além disso, cuidar da saúde mental por meio de práticas como meditação, yoga ou pausas rápidas durante o expediente pode reduzir o estresse e aumentar a produtividade.


Embora mudanças individuais sejam cruciais, Tonin reforça que as empresas têm um papel fundamental na criação de um ambiente de trabalho saudável. Organizações que oferecem suporte psicológico, promovem uma cultura aberta sobre saúde mental e adotam políticas de flexibilidade no trabalho contribuem significativamente para a prevenção do burnout.


No entanto, Tonin ressalta que somente um profissional de saúde habilitado, como psicólogo ou psiquiatra, pode diagnosticar corretamente o burnout. Ele alerta sobre os riscos de testes simplistas ou diagnósticos feitos por profissionais sem qualificação. O tratamento adequado é essencial para garantir a recuperação e o bem-estar dos trabalhadores.


O sucesso profissional não precisa vir à custa da saúde mental. Pequenas mudanças no comportamento diário, como estabelecer limites, delegar responsabilidades e cuidar da saúde mental, podem criar uma carreira mais equilibrada e sustentável. Transformar a abordagem ao trabalho não apenas reduz os riscos do burnout, mas também promove uma vida mais saudável, produtiva e feliz.


Fonte: O Globo

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