O Brasil registrou a menor mortalidade por Aids da série histórica, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Em 2023, houve um aumento de 4,5% nos casos de HIV em comparação a 2022, por conta do aumento da capacidade de diagnóstico. Mas apesar do aumento da detecção de casos, a taxa de mortalidade por Aids foi de 3,9 óbitos por 100 mil habitantes, a menor desde 2013.
Em 2023, foram registrados 38 mil casos de Aids. A região Norte registrou a maior taxa de detecção do país, com 26%, seguida pela região Sul, com 25%.
No ranking de casos, Boa Vista-RR, Manaus-AM e Porto Alegre-RS, apresentam taxas de detecção de 50,4%, 48,3% e 47,7%, respectivamente.
Pessoas do sexo masculino foram responsáveis por cerca de 27 mil dos casos registrados.
A faixa etária com maioria dos casos de Aids é a de 25 a 29 anos de idade, com 34%, seguida da de 30 a 34 anos, com 32,5%.
De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a menor mortalidade tem a ver com ações do governo no diagnóstico precoce e no tratamento acessível para todas as camadas da população.
"Esses avanços refletem os esforços do Ministério da Saúde no trabalho de diagnóstico precoce, tratamento acessível e campanhas de conscientização. Mas, mesmo diante de resultados melhores, precisamos continuar investindo em políticas públicas para a redução das desigualdades sociais que ainda impactam populações vulneráveis", afirmou.
Em maio deste ano, o SUS iniciou a distribuição de 4 milhões de testes rápidos DUO HIV/sífilis. Essa nova tecnologia permite a detecção simultânea das duas infecções com uma única gota de sangue, ampliando a cobertura de testagem precoce no pré-natal e facilitando o acesso ao tratamento oportuno.
A Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida pela sigla PrEP, é um dos métodos de prevenção à infecção pelo HIV que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. Disponível no SUS desde 2017, o comprimido diário garante proteção de até 99% contra o vírus. Saiba como funciona a PrEP.
O pediatra infectologista Renato Kfouri explica que o teste rápido de gota, que testa também a sífilis, aumentou o número de diagnósticos. Além disso, a oferta de PreP somente para quem é HIV negativo fez com que aumentasse também o número de testados. Com isso, houve o reconhecimento de mais casos de HIV que estavam represados.
“A gente tem aí a oportunidade de aumento de diagnóstico. Não está aumentando epidemiologicamente, mas está aumentando o reconhecimento. Dessa forma, a gente reconhece mais gente em fase precoce e oferta mais tratamento com mais qualidade, antes de desenvolver doenças. Isso aumenta o número de casos, mas aumenta o diagnóstico mais precoce e, portanto, há menos mortalidade”, declara Kfouri.
Entenda o HIV
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) invade e enfraquece o sistema imunológico, que protege o corpo contra doenças. O vírus atinge principalmente os chamados linfócitos T CD4+.
Ele modifica o DNA dessas células e se replica. Após se multiplicar, o HIV destrói os linfócitos e continua a infecção em novas células.
Por isso, caso não haja tratamento, ele pode causar a Aids (termo para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, em inglês).
Pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) com carga viral indetectável, ou seja, uma baixa quantidade de cópias do vírus, não têm risco de transmitir o HIV por via sexual e podem viver uma vida normal.
Já quem vive com HIV/Aids e não está em tratamento ou possui carga viral detectável pode transmitir o vírus a outras pessoas.
Como ocorre a transmissão
A transmissão pode ocorrer por meio de:
Relações sexuais sem proteção;
Compartilhamento de seringas contaminadas;
De mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, caso não sejam adotadas as medidas; preventivas necessárias;
Quais são as formas de prevenção?
A maneira mais eficaz de prevenir o HIV é a prevenção combinada, que utiliza várias abordagens simultâneas para atender diferentes necessidades e formas de transmissão. Entre as estratégias de prevenção contra o HIV disponíveis no SUS, segundo o Ministério da Saúde, estão:
Preservativos (camisinha)
Profilaxia pré-exposição (PrEP diária e sob demanda): uso de comprimido até duas horas antes da relação, o que permite ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV.
Profilaxia pós-exposição (PEP): uso de comprimido até 72 horas após a relação em caso de ter havio sexo desprotegido ou o uso compartilhado de seringas
Números do HIV no Brasil
Atualmente no Brasil, há 837.321 pessoas em tratamento contra o HIV, com 95% delas apresentando supressão viral. Desse total, 558.616 são do sexo masculino e 278.705 são do sexo feminino.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil está comprometido com a eliminação das infecções transmitidas verticalmente como problemas de saúde até 2030, conforme as metas estabelecidas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A eliminação da transmissão vertical da sífilis é uma prioridade nacional, segundo o Ministério da Saúde. Em fevereiro de 2024, foi instituído o Programa Brasil Saudável, que, além da AIDS, visa eliminar também a transmissão vertical de HIV.
Fonte: Metrópoles
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