top of page
Foto do escritorPortal Saúde Agora

Comissão internacional sugere mudanças no diagnóstico e tratamento da obesidade, tirando protagonismo do cálculo de IMC



Uma comissão internacional de especialistas em obesidade publicou hoje no The Lancet Diabetes & Endocrinology um parecer que determina novas formas de diagnóstico e priorização do tratamento da doença que afeta 2 a cada 5 brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde — e que globalmente pode chegar a marca de 1 bilhão de pessoas. De acordo com o novo documento, o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) perde protagonismo para análises consideradas mais específicas ao paciente, como a medição do percentual de gordura e a medida da circunferência abdominal. A classificação de gravidade, que orientará o tratamento, será definida por meio de 18 sinais e sintomas de risco (para adultos, e 13 para crianças).


Um dos grandes destaques do documento é a definição de obesidade “clínica” e “pré-clínica”, cuja determinação orienta o grau de risco à saúde do paciente. A publicação, assinada por representantes de 75 entidades médicas ao redor do mundo, ratifica que todos os pacientes devem ser acompanhados por especialistas. Contudo, defende que os casos que indicam o risco de desdobramentos mais severos (agora chamados de casos clínicos) tenham prioridade no tratamento cirúrgico e de novas drogas.


— A obesidade pré-clínica terá um um acompanhamento e eventual tratamento. Nos casos clínicos, o tratamento ocorrerá o mais breve possível, com a melhor alternativa determinada para essa pessoa. As estratégias para as duas categorias são diferentes — explica Ricardo Cohen, co-autor da publicação do The Lancet e a frente do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO). — Não se propõe não tratar o pré-clínico, mas sim realizar o acompanhamento. Além das medidas de estilo de vida (como ajuste na dieta e exercícios), que devem ser adotadas pelas 8 bilhões de pessoas do mundo.


O documento, por sua vez, não deixa de considerar a obesidade clínica como uma doença — e não somente como fator de risco para outros problemas de saúde. A publicação entende que deixar de olhar a obesidade como um fator que afeta orgãos e tecidos — em semelhança ao que ocorre com outras doenças crônicas — “prejudica abordagens racionais para o cuidado e a formulação de políticas públicas”.


Sinais e sintomas


Nesse parecer — com especialistas de instituições como King’s College London, Universidade de Liverpool, Harvard Medical School, University College Dublin, entre outros — há especial dedicação em identificar os efeitos do aumento de peso nos pacientes. Para tanto, os especialistas especificaram 18 sinais e sintomas que indicam o agravamento de saúde diante do acúmulo de adiposidade.


Esses fatores dizem respeito a mudanças na pressão intracraniana, apneia do sono, dificuldades respiratórias, problemas cardíacos (desde insuficiência até pressão arterial, passando por tromboses), comprometimento metabólico, alterações hepáticas, renais e urinárias. Outras áreas de atenção referem-se a problemas reprodutivos, linfáticos e, é evidente, dificuldades de realizar atividades cotidianas — levando em consideração a idade do paciente — entre outros detalhamentos. Para as crianças, essas categorias se concentram em 13 fatores de atenção, muito semelhante ao vistos nos adultos.


— A corpulência se torna secundária. Queremos melhorar os sinais e sintomas. E a pessoa será considerada com obesidade clínica caso apresente um desses sintomas ou sinais relacionados — explica Cohen. — Mostramos que é possível priorizar os pacientes que têm mais gravidade. É o mesmo que acontece, por exemplo, quando há a fila de um transplante de fígado. Todos serão transplantados, mas alguns antes (conforme os riscos do quadro) e outros depois.


Fonte: O Globo

1 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page