No fim do ano, muita gente não escapa de lamentar as metas e os objetivos que não foram alcançados. A diferença entre o que foi planejado e o que realmente aconteceu pode desencadear sentimentos de frustração e ansiedade, que impactam o bem-estar emocional.
O neuropsicólogo Aslan Alves, do Rio de Janeiro, explica que essa sensação de “fracasso” está ligada à discrepância entre o idealizado e o atingido, ativando respostas emocionais como desmotivação, sentimento de incapacidade e até baixa autoestima.
“Para não sentir um descompasso entre os desejos e o que foi atingido, o segredo está em valorizar o processo e não apenas o resultado, ajustando as expectativas ao longo do caminho”, ensina Alves.
Para a psicóloga Larissa Fonseca, que integra a Sociedade Brasileira de Psicologia, o não cumprimento de metas é mais comuns do que se imagina. Uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia aponta que apenas 8% das pessoas conseguem cumprir os objetivos traçados na virada do ano. Segundo ela, isso ocorre porque muitas metas estão desconectadas da rotina ou não possuem um propósito claro.
“Algumas pessoas definem objetivos sem sentido real para si mesmas, apenas baseados em ideais externos. Por exemplo, alguém pode dizer que quer ir à academia por saúde, mas, no fundo, o verdadeiro motivo é a estética – e não há problema algum nisso. Reconhecer esse propósito pessoal pode ajudar na motivação”, afirma.
Outro fator apontado pelos especialistas é o excesso de cobrança. Quando as metas são muito rígidas, se tonam mais difíceis de sustentar. “É desmotivador propor algo como ‘vou fazer isso todos os dias’. Se algo sair do planejado por dois ou três dias, a tendência é abandonar completamente o objetivo”, alerta Larissa.
Em vez disso, ela sugere a inclusão de metas flexíveis, que se adaptem às circunstâncias da vida, sem gerar tanta pressão.
Alves ressalta a importância de equilibrar ambição com expectativas realistas para diminuir a ansiedade ligada às metas não alcançadas. Revisar os objetivos regularmente e celebrar pequenos avanços são práticas que ajudam a manter a motivação.
“Reconhecer o esforço investido é tão importante quanto o resultado final. Pergunte-se: o que aprendi com essa experiência? Isso ajuda a transformar a frustração em energia para tentar novamente”, ressalta.
A autossabotagem também é uma vilã comum, seja por procrastinação ou por subestimar os obstáculos. Além disso, analisar o contexto de vida ao longo do ano é fundamental.
“Às vezes, não é sobre não se dedicar, mas sobre como o tempo e a energia foram direcionados a outras prioridades que também são válidas. Reconheça suas conquistas e não desconsidere os avanços, mesmo que sejam pequenos”, orienta Alves.
Quando buscar ajuda profissional?
A frustração faz parte da vida, mas pode se tornar preocupante quando começa a impactar o bem-estar de forma constante. Larissa alerta que é importante ficar atento a sinais como pensamentos recorrentes sobre fracasso, alterações no sono, apetite ou humor, além de queda na produtividade.
“Um profissional deve ser procurado sempre que enfrentamos um desafio que gera sofrimento ou excesso de pensamentos, não apenas relacionados às metas do ano, mas a qualquer situação que cause incômodo significativo”, orienta.
O neuropsicólogo Aslan Alves complementa que sentimentos de desesperança, desânimo persistente e isolamento social também são sinais de alerta. “A terapia pode ser essencial para reorganizar pensamentos e emoções, ajudando a lidar de forma mais saudável com as metas e expectativas pessoais”, explica.
Estratégias para traçar metas mais saudáveis e alcançáveis em 2025
Faça um balanço sobre o que funcionou: Pergunte-se sobre “O que deu certo? O que poderia ser diferente?” e utilize essas respostas para aprimorar os planos para o próximo ano;
Reflita sobre experiências passadas: Use o que foi vivido como base para planejar soluções e superar desafios futuros, encarando a frustração como parte do processo de crescimento;
Fragmente objetivos em passos menores: Planejar metas menores facilita o acompanhamento e reduz a sobrecarga emocional;
Lembre-se das conquistas já obtidas: Práticas como manter um registro de realizações e celebrar progressos reforçam a autoconfiança e reduzem a tendência de ruminar sobre o que não deu certo;
Ressignifique os fracassos como aprendizado: Encare erros como parte do crescimento. Alves exemplifica: “Se desistir de uma rotina de exercícios, pergunte-se: ‘O que dificultou minha adesão? Escolhi atividades que realmente gosto?’”;
Fazer ajustes realistas: Crie metas mais simples, como trocar alimentos industrializados por refeições caseiras 4 a 5 vezes por semana e aumentar a ingestão de água.
Fonte: Metrópoles
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