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Foto do escritorPortal Saúde Agora

Conheça a história da enfermeira que se isolou dentro de casa para não colocar os filhos em risco

Desde o início de março, a enfermeira carioca Carla Castilho, de 43 anos, segue um ritual metódico ao voltar para casa, em Campo Grande. Da garagem, avisa aos filhos, Beatriz, de 17 anos, e Diego, de 15, que está chegando. Eles, por sua vez, vão direto para seus quartos. E lá permanecem, de portas fechadas, até ela ir dormir. “Fiz a opção de isolamento social dentro da minha casa. Enquanto circulo pelo apartamento, eles ficam trancados”, explica Carla, que trabalha na enfermagem da Casa de Saúde São José. “A saudade aperta, mas preferi esta opção a ter que dormir no trabalho. Coibi o contato físico, não os vejo, mas realizamos chamadas de vídeo. Também os ouço dentro de casa, o que tranquiliza o meu coração.”

O coração da enfermeira anda mesmo sobressaltado. Dia sim, dia não, ela sai às 5h30 e dirige o carro em direção à clínica do Humaitá. A cada manhã, o protocolo para lidar com as dezenas de casos suspeitos de coronavírus é atualizado. “A São José formou o Comitê Covid-19. O foco é o conhecimento científico”, explica Carla, que trabalha ao lado de mais seis enfermeiros e seis técnicos de enfermagem. “Um ajuda o outro”.

A profissional se divide entre o acolhimento dos pacientes com classificação de risco, o salão da emergência e o acompanhamento na ambulância. Também está presente em exames decisivos para o diagnóstico, como a tomografia. “Recentemente, encaminhamos um homem de meia-idade e percebi que ele tremia muito. Perguntei se estava sentindo frio. Ele me respondeu: ‘Não, estou com muito medo’”, conta. “Nestes momentos, a gente se coloca no lugar do outro. Costumo dizer aos pacientes que eles não estãosozinhos.” Os mais graves são internados. Apesar de não continuar com eles nesta etapa, ela é informada dos resultados dos testes. “O medo existe. O que nos tranquiliza é trabalharmos dentro dos protocolos”, diz ela em referência às normas de segurança.

Carla se considera otimista e diz que a fé a tem ajudado nesta fase. “Sou espírita, rezo quando entro no carro, quando os pacientes são avaliados, antes de dormir.” Está ciente de de que que, finda a pandemia, nada será como antes. “A vida terá outra dimensão, o abraço, o beijo. Sonho em voltar a fazer o básico dos básicos: assistir a TV sentada no sofá ao lado dos meus filhos”.

Fonte: O Globo

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