O comitê de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) avaliou, nesta sexta-feira (1º), que a Covid-19 ainda é uma emergência de saúde internacional.
O comitê se reuniu na quinta-feira (30) para reavaliar a situação da doença no mundo, exatos três meses depois de declarar uma emergência de saúde pública internacional.
“O comitê consiste de especialistas internacionais e independentes, representando todas as regiões e toda a gama de conhecimento relevante”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Os especialistas concordaram, de forma unânime, que a doença ainda é uma emergência. Mais de 3 milhões de casos de Covid-19 já foram registrados no mundo, com mais de 230 mil mortes – 6 mil delas no Brasil.
As Américas, segundo a OMS são o continente com 2° maior número de casos confirmados da doença, atrás apenas da Europa. Até esta sexta, pelo menos 1,2 milhão de casos foram registrados na região, sendo mais de 1 milhão nos EUA. No Brasil são mais de 78 mil, e o país é o segundo da região com maior número de infectados.
O continente tem ainda mais de 45 mil casos registrados nesta sexta-feira, até as 14h45.
Tedros reforçou a necessidade de os países seguirem as recomendações da OMS. Ele afirmou que a entidade continua trabalhando mesmo com países cujos líderes a criticam, como o próprio Brasil e os Estados Unidos.
“Incentivamos os países a seguirem os conselhos da OMS, que estamos constantemente revisando e atualizando à medida que aprendemos mais sobre o vírus e que aprendemos mais com os países sobre as melhores práticas para responder a ele”, pediu o diretor-geral.
Tedros e o diretor de emergências da entidade, Michael Ryan, e a diretora técnica Maria van Kerkhove foram questionados sobre como os países deveriam lidar com a pandemia e o confinamento daqui em diante.
“Esse é um desafio que todos os governos do mundo estão encarando agora”, disse Ryan.
“É muito difícil dar um conselho global que seja relevante para um país específico”, avaliou. “O que nós claramente reconhecemos é que medidas sociais e de saúde pública tem sido eficazes em suprimir a transmissão intensa do vírus em muitos países, e isso foi atingido com diferentes formas de confinamento em diferentes países”, disse.
“Sair disso [do confinamento] requer um processo muito cuidadoso e bem planejado”, afirmou Ryan, “que seja baseado, em primeiro lugar, em entender exatamente a epidemiologia da doença no seu país. Você entende o problema? Você sabe onde o vírus está?”
A base disso, afirmou o diretor de emergências, é ver a disseminação ser controlada, com taxas menores de contágio.
“Você tem medidas de vigilância epidemiológica para identificar, isolar, traçar os contatos? As comunidades têm as informações e os meios necessários para se proteger, lavando as mãos e com isolamento social? O serviço de saúde foi fortalecido a ponto de conseguir tratar todos os casos e proteger todos os trabalhadores de saúde com o equipamento de proteção individual adequado?”, questionou.
Ryan acrescentou, ainda, que a expectativa da organização é que os números de casos não voltem a subir quando os países decidirem afrouxar certas medidas de confinamento. Além disso, os países devem ficar atentos à transmissão em cenários específicos, como casas de repouso de idosos.
“O que precisamos entender é, mesmo que a doença esteja sob controle na população geral, pode haver populações vulneráveis ou contatos em que a doença pode disparar de novo, se espalhar, causar mortes e, potencialmente, ser transmitida de volta para a população geral”, disse.
“Nos reconhecemos – e eu acho que todos os governos reconhecem – a dificuldade de manter confinamentos, por razões sociais, psicológicas e econômicas. Isso não é fácil. E nós também reconhecemos que, principalmente em países em desenvolvimento, o impacto econômico naqueles que precisam trabalhar todos os dias para garantir a comida diária especialmente profundo”, declarou.
Fonte: G1
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