Um exame de sangue pode ser capaz de detectar tipos letais de câncer de cérebro, anunciaram cientistas do Imperial College London, no Reino Unido. Eles desenvolveram um teste que pode identificar os vestígios deixados no sangue por tumores gliais, incluindo glioblastoma (GBM), o tipo mais grave de câncer no cérebro. O exame foi descrito em um estudo publicado na revista científica International Journal of Cancer.
Especialistas dizem que isso poderia acelerar o diagnóstico e o tratamento, ao mesmo tempo que reduzia a necessidade de cirurgias invasivas e arriscadas usadas para diagnosticar a maioria dos tumores cerebrais. Eles disseram que a “biópsia líquida” seria particularmente benéfica para pacientes com tumores cerebrais inacessíveis, o que significa que poderiam iniciar o tratamento o mais rápido possível.
O trabalho envolveu pacientes com câncer cerebral tratados no Centro de Excelência em Pesquisa de Tumores Cerebrais, administrado pelo Imperial College London e pelo Imperial College Healthcare NHS Trust.
"Um método não invasivo e barato para a detecção precoce de tumores cerebrais é fundamental para melhorias no atendimento ao paciente", disse Nelofer Syed, do Departamento de Ciências do Cérebro da Imperial College London, que lidera o Centro de Excelência em Pesquisa de Tumores Cerebrais, em comunicado. "Através desta tecnologia, o diagnóstico de tumores inacessíveis pode tornar-se possível através de um exame de sangue sem riscos e de fácil aplicação para o paciente. Acreditamos que esta seria uma inovação mundial, uma vez que atualmente não existem testes não invasivos ou não radiológicos para estes tipos de tumores".
Essa inovação ajuda a acelerar o diagnóstico do câncer, possibilitando o início precoce de tratamentos personalizados, aumentando as chances de sobrevivência dos pacientes. Os tumores cerebrais matam mais crianças e adultos com menos de 40 anos do que qualquer outro tipo de câncer.
O exame de sangue, chamado de TriNetra-Glio, funciona isolando células tumorais que se soltam do tumor e circulam pelo sangue. As células isoladas são então coradas e podem ser identificadas ao microscópio.
"Este teste não é apenas um indicador de doença, é uma biópsia líquida verdadeiramente diagnóstica. Ele detecta células tumorais circulantes intactas no sangue, que podem ser analisadas com o mesmo detalhe celular de uma amostra de tecido real", disse Kevin O'Neill, neurocirurgião consultor do Imperial College NHS Healthcare Trust e professor clínico sênior honorário do Departamento de Ciências do Cérebro do Imperial.
O teste pode fazer uma enorme diferença para pacientes com suspeita de gliomas de alto grau, incluindo GBM, astrocitomas e oligodendrogliomas, levando a um diagnóstico mais precoce do tipo de tumor, tratamento mais rápido e potencialmente aumentando as taxas de sobrevivência. Poderia também eliminar a necessidade de biópsias cirúrgicas que apresentam riscos significativos, especialmente para aqueles com problemas de saúde subjacentes.
O trabalho, financiado pela Datar Cancer Genetics, já atraiu a atenção da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, órgão regulador semelhante à Anvisa no Brasil. Os cientistas esperam por um estudo maior no Reino Unido que, se for bem sucedido, poderá significar que os pacientes com suspeita de tumores de alto grau se beneficiarão deste avanço em apenas dois anos.
Fonte: O Globo
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