Um grupo de pesquisadores do Instituto Salk de Estudos Biológicos, em San Diego, na Califórnia, descobriu que o cérebro é capaz de reter aproximadamente 10 vezes mais informações do que se era compreendido anteriormente. A análise foi publicada no final de abril passado na revista Neural Computation, e indica que o novo método de estudo pode melhorar a compreensão humana a respeito do envelhecimento e das doenças que atingem o cérebro.
De forma similar a uma máquina, a memória humana é também é aferida em "bits", que variam conforme o número de conexões entre neurônios, ou seja, as sinapses. Essas células cerebrais que formam a base da aprendizagem e da memória mediante comunicação entre pontos e partilha de informações.
Antigas pesquisas indicavam que as sinapses apareciam de forma limitada em termos de tamanho e intensidade, logo, seria um fator limítrofe à capacidade de armazenamento cerebral. No entanto, de acordo com uma publicação divulgada também pela Live Science, os cientistas desenvolveram um método mais preciso para avaliar a força das conexões entre os neurônios a partir de um cérebro de rato.
Com mais de 100 trilhões de conexões entre neurônios, o cérebro humano usa meios químicos para enviar informações pelas sinapses, o que aumenta na medida em que o indivíduo exercita a aprendizagem. De acordo com Live Science, o estilo de vida de uma pessoa pode influenciar a plasticidade sináptica, ou seja, o fortalecimento ou enfraquecimento das sinapses em resposta aos neurônios que as ajudam a trabalhar.
Uma questão que ainda pairava nas pesquisas era a dificuldade de aferir a plasticidade sináptica a cada mensagem enviada pelo cérebro. O novo estudo prova que isso agora é possível através da Teoria da Informação, que busca aplicar um esquema matemático para entender a transmissão de dados por um sistema. Por meio dela, os cientistas estimam serem capazes de entender quanto de informação é transmitida pelas sinapses e o que fica apenas como um tipo de "ruído de fundo" sem necessariamente ser absorvido pelo cérebro.
A equipe do Instituto Salk de Estudos Biológicos usou o cérebro de um roedor para análise de sinapses de uma região responsável por aprendizagem e formação de memória. Ao dar destaque para pares de células cerebrais de transmissão, os cientistas puderam perceber que, a partir de um mesmo estímulo, esses pares se fortaleceram ou enfraqueceram exatamente na mesma quantidade – o que sugere que o cérebro é altamente preciso ao ajustar a força de uma determinada sinapse.
Dessa maneira, foi constatado que as sinapses no hipocampo são capazes de armazenar entre 4,1 e 4,6 bits de informação. Em relatórios anteriores, pesquisas puderam chegar a uma conclusão semelhante com cérebros de ratos, porém, com menor precisão. Assim, o novo estudo demonstrou que as sinapses podem carregar muito mais do que só um "bit", e os métodos empregados na pesquisa poderão ser aplicados para entender o armazenamento em diferentes áreas do cérebro e estudos específicos a respeito de saúde.
Fonte: O Globo
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