Pelo menos 18 psicólogas denunciaram um homem que busca atendimento e, durante a consulta, assedia sexualmente as profissionais. Segundo a denúncia, ele marca uma consulta virtual com urgência, entra em "assuntos de cunho sexual" e, a partir disso, passa a fazer movimentos como se estivesse se masturbando durante a sessão.
"Ele diz que tem alguma deficiência e pergunta se a gente pode atender logo. Como psicóloga, achei estranho, porque ele começou a ligar por vídeo, insistindo. Existe uma linha tênue, porque pode ser realmente algum paciente que precisa muito, mas, pode ser também alguém com maldade, como esse homem", diz a psicóloga Liliany Silva Souza, uma das vítimas. Até esta terça-feira (10), vítimas do Distrito Federal e de São Paulo haviam se manifestado. Mas, segundo a polícia paulista, que investiga o caso, o homem age há cerca de um ano, e é provável que o número de profissionais procuradas pelo criminoso seja bem maior.
Ao g1, a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo informou que os detalhes da investigação são "reservados por se tratar de crime sexual".
A psicóloga, Liliany Silva Souza, de Brasília, contou à reportagem que foi procurada pelo homem no dia 23 de janeiro. Por meio de uma rede social, ele mandou mensagem pedindo urgência para ser atendido. "Não se trata de uma pessoa doente, é um criminoso. Como ele pediu essa urgência e o papo estava estranho, logo entendi que se tratava de um assediador", diz a psicóloga. Liliany lembra que ficou nervosa com a situação e que bloqueou o homem na rede social. Mas, ao entrar em outra conta na internet, ela encontrou várias mensagens deixadas por ele com xingamentos de cunho sexual . Alerta pelas redes sociais Liliany fez uma publicação nas redes sociais contando o caso. Para a surpresa dela, mais de 50 psicólogas comentaram a postagem, alegando também terem sido vítimas do mesmo homem. "Algumas delas atenderam a ligação, pensando se tratar de um paciente mesmo. Quem atendeu contou que ele mostra apenas o rosto, mas faz movimentos e tem respiração de quem está se masturbando", conta Liliany. Além do relato, em uma publicação, Liliany postou orientações para que outras profissionais não sejam assediadas. "Acredito que isso aconteça por sermos mulheres. Mais de 90% da profissão é ocupada por mulheres. Nunca ouvi o relato de algum colega de trabalho homem. Chega a ser uma questão de gênero e temos que falar sobre isso", diz Liliany. Segundo as profissionais que denunciaram o crime, o homem não usa perfis falsos nas redes sociais. Além disso, ele usa um telefone com DDD 51 — de Porto Alegre (RS) – para fazer os contatos, e alega ter "dificuldade de ser olhado pelas mulheres".
De acordo com Liliany, o homem chegou a oferecer R$ 1 mil para uma das psicólogas, para que ele pudesse ficar olhando para os seios dela. Denúncia Como há profissionais de São Paulo que também foram alvos do suposto paciente, as vítimas denunciaram o caso ao Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência do Ministério Público paulista. A primeira a denunciar foi a psicóloga Letícia Martins de Oliveira, de 27 anos. O suspeito a procurou em julho do ano passado para um atendimento virtual. "Fiz uma perguntas iniciais, para entender a demanda. Dava para ver o rosto dele e percebi que ele estava se estimulando. Como é algo muito surreal, fiquei pensando se realmente era aquilo. A gente encerrou rapidamente o atendimento", conta a psicóloga. Letícia acredita ter sido uma das primeiras vítimas. "Pela linha do tempo que construímos, uma foi procurada em junho. Com ela foi diferente. Ele foi por uma via mais de paixão, querendo a atenção dela, dizendo que estava apaixonado, depois foi pro sexual", conta a profissional.
Nesta semana, mais 7 vítimas procuraram Letícia para relatar o assédio. "Por enquanto, 18 meninas participam da denúncia e estamos aguardando o retorno de outras 7, pelo menos. O Ministério Público de São Paulo está com as denúncias e acreditamos que ele será intimado logo", diz.
Fonte: G1
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