Poucos meses depois de retomar o controle da Via Varejo – dona, entre outras, da Casas Bahia, fundada por seu pai Samuel – o empresário Michael Klein resolveu diversificar seus negócios e vai investir na área da Saúde.
Em entrevista ao G1, o “rei do varejo” contou que vai se associar ao empresário e médico Roberto Christiano Oliveira para transportar pacientes entre cidades em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) aérea, serviço conhecido como aeromédico. Além disso, vai criar uma empresa de home care no próximo ano.
Michael Klein vai utilizar parte da estrutura da sua empresa de aviação executiva, a Icon Aviation, para o transporte médico de pacientes. A aeronave utilizada é o Pilatus PC-12, um monomotor econômico usada para táxi aéreo. O investimento inicial foi de US$ 5 milhões em aeronaves com porta traseira para a passagem da maca, além de mais US$ 200 mil em equipamentos.
A empresa IconMed já foi homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e está autorizada a transportar pessoas acidentadas ou que estão com enfermidades graves. Também é possível fazer o transporte de órgãos que serão doados.
“Salvar vidas é gratificante, independente de sermos remunerados por isso. A satisfação de ter salvado uma vida vale a pena”, afirmou Michael Klein.
Segundo o empresário, após o serviço de remoção aérea ser acionado, a equipe se prepara e o avião decola em até 2 horas. Os jatinhos voam com piloto, copiloto, um médico e um enfermeiro. O paciente pode viajar com um acompanhante.
Dona das Casas Bahia, Michael Klein, inaugura empresa de UTI aérea — Foto: Celso Tavares/ G1
Volta à Casas Bahia
Os Klein deixaram o controle da Casas Bahia em 2009, quando houve a fusão da empresa com o Pão de Açúcar – então sob comando de Abílio Diniz. A operação criou a Via Varejo, que englobava ainda Ponto Frio, Bartira e Extra Eletro, da qual a família Klein tinha até então uma fatia de 25,43%.
Em agosto de 2012, o grupo francês Casino assumiu o controle do Grupo Pão de Açúcar (GPA), e os Klein passam a manifestar interesse em retomar o controle do negócio. Quatro anos depois, o GPA demonstrou intenção de vender sua participação na Via Varejo. Mas o negócio só foi concluído, voltando à mão dos Klein, em junho deste ano.
Diversificação
Conhecido no comércio de massa, Klein busca um nicho que não é nada barato. Apesar disso, o empresário ressalta que o serviço não é destinado apenas para o público classe A e diz que está de olho nos planos de saúde que possuem cobertura aeromédica.
O preço cobrado é calculado pela distância e dificuldade de remoção do paciente. Por exemplo, uma viagem entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro sairia em torno de R$ 40 mil.
“Nós começamos com o Pilatus que é uma aeronave mais em conta para facilitar tanto para plano de saúde quanto para particular que precisar utilizar o serviço”, Klein. Além disso, o avião é considerado seguro e pode realizar pousos e decolagens em locais de difícil aceso, como espaços com chão de terra, cascalho e grama.
O transporte será feito em todo o Brasil e até no exterior, caso seja solicitado. E, apesar dos voos decolarem de um hangar no aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, o local de origem ou destino não precisa ser a capital paulista.
O empresário Roberto Christiano, que atua há 18 com aeromédico disse que a equipe médica é designada de acordo com a patologia e estado clínico do paciente. “A nossa aeronave é equipada com uma UTI completa, tanto com equipamentos, quanto com insumos. Às vezes, vamos chegar ao local de origem e teremos que estabilizar o paciente antes de trazê-lo. O médico atua no local antes do transporte”, afirmou.
Entre os profissionais da saúde estão intensivistas, cardiologistas, infectologistas, cirurgiões, ortopedistas e pediatras.
Os empresários Michel Klein e Roberto Christiano Oliveira em hangar no aeroporto de Congonhas em SP — Foto: Celso Tavares/G1
Home Care
Até o fim do primeiro bimestre de 2020, Klein ainda quer colocar de pé o serviço de home care, pensando em dar continuidade ao transporte e atendimento do cliente que é levado pelas aeronaves da IconMed – e de olho no envelhecimento da população do país, que deve ter mais idosos do que crianças nos próximos anos.
“Quem me deu essa dica foi a própria expansão das farmácias. A população está vivendo mais, hoje ninguém mais se aposenta cedo. Da mesma maneira que o mercado que mais expandiu foi da medicina com as farmácias, nós temos também que fazer esse serviço de cuidar das pessoas em casa. À medida que a população vai envelhecendo nós temos que ter esse serviço à disposição dos planos de saúde e para particulares”, afirmou Klein.
Michael diz que não pretende dominar o mercado logo de cara. “No varejo, para a gente chegar a ser líder demoramos de 40 a 50 anos. No home care nós vamos começar a fazer à medida que tiver necessidade”, disse ele. “Não preciso de mais um rótulo, já tenho um”, brincou.
No entanto, a empresa de home care pretende atingir a marca de atender 400 pacientes até o fim do próximo ano em todo o estado de São Paulo. O investimento inicial será de R$ 4 milhões.
“O home care envolve muita coisa, toda a assistência ao paciente. Para tirar o paciente do hospital é preciso instalar uma estrutura dentro da casa do paciente que vai cama hospitalar, oxigênio, cilindro de oxigênio, andador, material de uso dos técnicos de enfermagem. Além disso, tem que fazer uma escala dos profissionais de saúde dentro da casa do paciente que incluem técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e transporte do paciente até o médico para fazer a consulta”, ressaltou o médico Roberto Christiano.
Fonte: G1
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