Estresse digital: Adolescentes podem sofrer nas amizades e relações interpessoais devido às redes sociais, diz estudo
- Portal Saúde Agora
- há 2 dias
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As mídias sociais se tornaram um lugar de entretenimento, mas também um ponto de encontro, para milhões de adolescentes ao redor do mundo. A maioria dos jovens tem pelo menos uma conta em plataformas como TikTok ou Instagram, o que leva muitos a cultivar e manter amizades online. Esses tipos de vínculos são cruciais durante esse período da vida, pois há uma mudança nas figuras de referência dos pais para os colegas. A longo prazo, porém, o uso constante dessas plataformas como mediadores na interação aumenta o risco de as crianças sofrerem de estresse digital, uma vez que essas plataformas as obrigam a estar constantemente disponíveis.
Um novo estudo, publicado em março no periódico Frontiers in Digital Health, descobriu que sentimentos de tristeza, raiva ou frustração podem surgir quando adolescentes descobrem que seus entes queridos não estão disponíveis, o que pode levar a conflitos e mal-entendidos. A autora principal Federica Angelini, pesquisadora da Universidade de Pádua (Itália), e colegas conduziram uma pesquisa com mais de 1.185 adolescentes italianos de 13 a 18 anos usando subescalas que mediam comportamento de conflito e rejeição em duas fases, com seis meses de intervalo.
“A decepção com expectativas não atendidas nas mídias sociais é um indicador mais forte de conflito de amizade do que a pressão para estar constantemente disponível”, explica Angelini em uma declaração. Assim, o sentimento de arrependimento causado pela decepção tornou-se o aspecto mais propenso a provocar brigas entre os jovens.
Pesquisadores descobriram que imagens e vídeos postados em plataformas sociais podem desempenhar um papel particularmente importante na forma como o uso das mídias sociais pode levar a brigas. Para Jesús Conde, professor da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Sevilha, a aceitação social é fundamental para o desenvolvimento pessoal na adolescência.
"O uso das mídias sociais como elemento mediador entre os adolescentes levou à transferência de aspectos vinculados a essa busca por aceitação para esses ambientes digitais. Isso permitiu que alguns aspectos negativos fossem exacerbados", acrescenta o especialista, que não estava envolvido no estudo.
Estudos
No entanto, os efeitos do uso de mídias sociais e do estresse digital durante a adolescência não foram completamente investigados. Uma análise anterior da Nature Communications alertou em 2022 que os adolescentes que mais usam as mídias sociais são os mais vulneráveis às suas consequências negativas e os que correm mais risco de perder o bem-estar social e a satisfação com a vida. Outro estudo no Journal of Adolescent Health encontrou uma associação entre estresse digital em adolescentes e sintomas depressivos. Essas análises se concentraram especificamente em conflitos entre amigos em redes sociais ao longo do tempo.
Por outro lado, o estudo aponta que se os adolescentes perceberem que seus amigos estão ativos online ou passando tempo com outras pessoas, mas ignoram suas mensagens, eles podem se sentir excluídos ou até mesmo com ciúmes. “Essa maior conscientização pode intensificar emoções negativas e contribuir para a tensão nas amizades”, acrescenta o especialista. Cientistas argumentam que, embora as mulheres possam ter maiores expectativas de disponibilidade, a dinâmica de relacionamento entre os homens é caracterizada por "uma maior aceitação de manter um estilo de comunicação mais assíncrono, permitindo respostas tardias".
"Precisamos continuar pesquisando esse fenômeno e, ao mesmo tempo, precisamos educar os adolescentes sobre o uso mais saudável e positivo das mídias sociais", diz Conde.
Como evitar o estresse digital?
Os jovens estão conectados porque o Instagram, o TikTok, o YouTube ou o X se tornaram o espaço crucial e, porque não dizer, o da moda. Identificar os principais fatores de estresse, como conteúdo visual e expectativas de disponibilidade, e entender a dinâmica das interações online entre amigos pode ajudar educadores, pais e responsáveis a desenvolver hábitos mais saudáveis.
Um desses hábitos para adolescentes pode ser estabelecer limites, como programar horários off-line ou gerenciar notificações. Os autores da análise argumentam que, quando feito em conversas com amigos, isso também pode ajudar a reduzir mal-entendidos.
Fonte: O Globo
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