Nova York (Reuters Health) – Os surtos de casos de chicungunha notificados em regiões que vão desde o sul da Europa até as Américas onde até há pouco não havia sinal da doença, fazem com que seja necessário que os médicos reconheçam até mesmo os sinais e sintomas relativamente raros da infecção, como a hiperpigmentação difusa adquirida, segundo pesquisadores.
Em um relato de caso publicado on-line em 16 de outubro no periódico JAMA Dermatology, os pesquisadores descreveram 12 bebês com hiperpigmentação difusa associada a chicungunha na Índia, que foram observados durante a estação das monções.
O vírus da chicungunha é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, e é endêmico na África, no subcontinente indiano e no sudeste da Ásia. Recentemente, no entanto, as mudanças climáticas e o aumento das viagens internacionais ajudaram a espalhar o chicungunha para a Itália, França, América Latina, Caribe e Estados Unidos.
Os bebês da série de casos (com 9 dias a 11 meses de vida) foram vistos em um centro de atendimento terciário em Chandigarh, nos meses de monção de 2016, e durante uma epidemia de chicungunha no norte da Índia no mesmo ano, disse à Reuters Health por e-mail, o Dr. Keshavamurthy Vinay, do Postgraduate Institute of Medical Education and Research.
Todos os 12 bebês apresentaram uma erupção maculopapular febril por três a oito dias, seguida de uma hiperpigmentação difusa de início súbito e progressão rápida para todo o corpo. O diagnóstico de chicungunha de cada paciente foi confirmado pelo teste de IgM.
O “sinal Chik”, uma pigmentação marrom-escura na ponta do nariz foi comum, assim como uma pigmentação semelhante (sem eritema de fundo) no pavilhão auricular, áreas de flexura e região perioral.
A pigmentação progrediu durante a internação em metade dos pacientes, mas todos melhoraram dentro de seis meses.
O Dr. Peter Hotez, reitor da National School of Tropical Medicine, Baylor College of Medicine, nos EUA, disse à Reuters Health que nos últimos anos houve um grande aumento no número de casos de arbovírus, como chicungunha, dengue e zika nos EUA, especificamente no litoral da região do Golfo do México.
Não conhecemos todas as razões para essa disseminação, ele disse, mas sugeriu que a urbanização (os mosquitos em questão são uma espécie urbana) é provavelmente um fator, e a pobreza e as mudanças climáticas também podem estar envolvidas.
O Dr. Peter disse que o estudo é “importante para os pediatras norte-americanos, especialmente na região do Golfo do México”.
Clinicamente, ele explicou, pode ser muito difícil diferenciar os arbovírus, porque todos tendem a apresentar febre e erupção cutânea. Quando presente, a hiperpigmentação ajudaria no diagnóstico diferencial da chicungunha.
Daqui a algum tempo, a chicungunha e outros arbovírus “serão comuns na região do Golfo do México”, e, possivelmente, em outras partes dos EUA também, disse o Dr. Peter, que também é porta-voz da Infectious Diseases Society of America.
Fonte: Medscape
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