A inteligência artificial (IA) tem sido usada como uma ferramenta para facilitar a medicina. Quando é bem treinada, ela consegue analisar dados com agilidade e precisão, dando aos médicos e autoridades de saúde mais recursos para trabalhar.
A tecnologia é usada principalmente na radiologia, oncologia, cardiologia, patologia e oftalmologia. Mas também pode ser empregada para evitar surtos e epidemias de doenças.
Em 2017, o olhar atento de uma farmacêutica conseguiu identificar um aumento de casos de hepatite A no estado de São Paulo. As notificações haviam passado de dois por mês para quatro em apenas uma semana.
O contato com médicos locais identificou que os casos se concentravam em homens jovens, que faziam sexo com homens. A informação foi repassada para o governo, que fez a comunicação in loco na Parada do Orgulho LGBT a fim de mitigar a transmissão da doença nesta população.
O infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury, aposta que a inteligência artificial vai potencializar ações de vigilância epidemiológica como essa.
“Os profissionais que fazem os testes para doenças infecciosas são experientes. Eles têm uma noção muito clara de quanto é esperado encontrar de positividade para uma doença, mas (o sinal de alerta) pode escapar porque é um aumento discreto e depende da memória e da atenção da pessoa”, considera Granato. O médico falou sobre as possibilidades que a inteligência artificial abre para a vigilância epidemiológica durante encontro com jornalistas promovido pelo Grupo Fleury.
“A vigilância epidemiológica vai mudar com a introdução da inteligência artificial. Se a curva aumentar, a IA vai nos avisar e poderemos checar se há realmente um surto em uma cidade ou se é localizado em uma família, por exemplo”, esclarece o infectologista.
No início deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou o desenvolvimento de um modelo de inteligência artificial para antecipar onde estão surgindo surtos no Brasil ou quais são as doenças infecciosas que podem se tornar epidêmicas nos próximos meses no país. A tecnologia está sendo criada em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Rockefeller.
Inicialmente, o sistema está sendo desenvolvido para monitorar síndromes respiratórias agudas, como foi o caso da Covid-19, mas a ideia é expandir para a detecção de outras doenças relevantes para a saúde pública e com potencial epidêmico.
IA na medicina
A medicina caminha, cada vez mais, para que os profissionais de saúde tomem suas decisões apoiadas por recursos de inteligência artificial.
A radiologia é uma das especialidades que mais tem se beneficiado. As ferramentas de IA podem analisar imagens, como tomografias e ressonâncias magnéticas, para identificar tumores, lesões e outras anomalias com precisão superior ou complementar à capacidade do olho humano.
“Hoje a tecnologia usada no diagnóstico por imagem compara os resultados anteriores da mesma pessoa, ajudando o médico a ter mais tempo para dar atenção ao paciente. A IA facilita a triagem dos pacientes e identifica sinais sutis, mesmo naqueles que não apresentam sintomas”, afirma a médica Angela Motoyama, head de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Grupo Fleury.
Fonte: Metrópoles
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