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Infecção do trato urinário: o debate sobre o uso de antibioticoterapia continua

A resistência das bactérias aos antibióticos é um problema de saúde pública global que, entre outras medidas, exige mudanças urgentes e abrangentes na prática clínica. O tratamento da infecção do trato urinário (ITU) não é exceção. O debate sobre a real necessidade de antibioticoterapia em casos de infecção bacteriana aguda da bexiga em mulheres jovens não-grávidas, sem alteração anatômica ou funcional do aparelho urinário e que não apresentam cistite de repetição é uma prioridade.

“Aos 30 anos, até 50% das mulheres terão pelo menos um episódio de ITU e 60% das mulheres terão ITU na vida”, disse o Dr. Clovis Arns da Cunha, diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) no evento multidisciplinar Antibiótico e Antibióticos – Indicações Específicas para Infecção Urinária, em São Paulo, que reuniu membros de três sociedades médicas que lidam com o tratamento desta doença: infectologistas, urologistas e ginecologistas.

A forma de tratar a ITU mudou, hoje as diretrizes internacionais concordam em afirmar que na ausência de sinais e sintomas compatíveis com cistite, definida como bacteriúria assintomática, os pacientes não devem ser tratados com antibióticos, independentemente do número de bactérias presentes no exame de urina – exceto se forem gestantes ou pacientes prestes a passar por procedimentos urológicos invasivos. Este conceito que busca evitar o mau uso dos recursos terapêuticos foi repetido por vários especialistas durante o evento.

Ninguém discorda que aEscherichia coli é o agente etiológico mais frequente da ITU – ainda que no cenário brasileiro os dados epidemiológicos sobre agentes patógenos e resistências sejam insuficientes.

“Temos alguns dados, mas a maioria são provenientes de exames laboratoriais, uma mistura de casos de bacteriúria assintomática e infecção urinária. Faltam dados epidemiológicos provenientes de dados clínicos”, disse ao Medscape a Dra. Ana Cristina Gales, coordenadora do Comitê de Resistencia Bacteriana da SBI.

Primeiro não tratar

As diretrizes das sociedades urológicas norte-americanas e europeias de forma geral são compatíveis, e a última destaca que mulheres sem fatores de risco, pacientes com diabetes controlado, mulheres na pós-menopausa, idosos institucionalizados, pacientes com disfunção e/ou reconstrução trato urinário baixo, transplante renal prévio à artroplastia e pacientes com infecção do trato urinário recorrente (ITUr) não devem tomar antibióticos. 

“Os pacientes com bacteriúria assintomática, mesmo com urina turva ou presença de leucocitúria, não devem ser tratados”, reforçou o Dr. Clovis.

Não é apenas o tratamento que deve ser evitado, mas até a urocultura é dispensável, disse o Dr. Clovis, alertando que este exame deve ser solicitado em casos de cistite complicada e pielonefrite aguda, gestantes e antes de algum procedimento urológico invasivo.

Mulheres sintomáticas devem receber antibioticoterapia; a urocultura para direcionar o tratamento é necessária apenas quando há persistência dos sintomas após antibioticoterapia inicial.

Fonte: Medscape

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