Um modelo de inteligência artificial (IA) pode identificar pacientes com fibrilação atrial intermitente em apenas 10 segundos, mesmo quando realizada em eletrocardiogramas (ECG) com ritmo sinusal normal, sugere um novo estudo.
Os pesquisadores analisaram dados provenientes de quase 650.000 ECG com ritmo sinusal de mais de 180.000 adultos realizados entre dezembro de 1993 e julho de 2017, e dividiram os exames em três grupos: treinamento (70%), validação interna (10%) e testes (20%).
O grupo de testes usou um ECG habilitado para inteligência artificial (ECG-IA), projetado para reconhecer mudanças sutis usando tecnologia de rede neural especialmente treinada.
O desfecho primário foi identificar se o ECG-IA seria capaz de detectar com acurácia a presença da fibrilação atrial no conjunto de dados do grupo de testes em pacientes com esta arritmia confirmada antes de terem sido avaliados pelo o dispositivo de inteligência artificial.
O modelo de inteligência artificial identificou a presença de fibrilação atrial com 79% de acurácia ao analisar apenas um ECG e com 83% de acurácia ao analisar vários ECG do mesmo paciente.
“Descobrimos que o ECG-IA foi poderoso em sua capacidade de detectar a fibrilação atrial recente ou iminente com uma área sob a curva (AUC) de 0,90”, disse ao Medscape o Dr. Paul Friedman, médico e professor de medicina da Mayo Clinic, nos Estados Unidos.
“No futuro, isto pode facilitar o diagnóstico na linha de frente, permitindo a aplicação do algoritmo em tecnologias de baixo custo e amplamente disponíveis. Por exemplo, mostramos anteriormente a translação de redes neurais criadas usando ECG de 12 derivações para eletrodos móveis baseados em smartphones que normalmente usam apenas uma derivação”, disse o Dr. Paul, que também é o titular da cátedra Normal Blane and Billie Jean Harty do Departamento de Medicina Cardiovascular em homenagem ao Dr. Robert L. Frye, na Mayo Clinic.
O estudo foi publicado on-line em 1º de agosto no periódico Lancet.
Padrões sutis
“O rastreamento da fibrilação atrial pode ser difícil devido ao baixo poder diagnóstico de apenas um ECG para detectar uma arritmia que muitas vezes é transitória”, escreveram os autores.
A fibrilação atrial é “difícil de detectar e muitas vezes não é diagnosticada”, explicou o Dr. Paul. Detectar esta arritmia “exige um monitoramento que pode levar de semanas a anos, às vezes com um dispositivo implantado, podendo deixar os pacientes sob risco de acidente vascular cerebral (AVC) recorrente, já que os métodos atuais nem sempre detectam a fibrilação atrial ou levam muito tempo para fazê-lo”.
Fonte: Medscape
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