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Foto do escritorPortal Saúde Agora

Jovem com 'pior dor do mundo' anuncia nas redes que vai receber alta



A jovem Carolina Arruda, de 27 anos, compartilhou em suas redes sociais que vai receber alta nos próximos dias. Segundo ela, entre sexta e sábado. Recentemente, ela também anunciou que a dor diminuiu após ter colocado uma bomba de infusão de fármacos, que libera medicamentos analgésicos diretamente no nervo que causa a dor.


A jovem comentou que a equipe médica retirou dse seu braço o acesso venoso por onde ela recebia os medicamentos. Ela sofre com uma doença chamada neuralgia do trigêmeo, condição rara que provoca a “pior dor do mundo”.


— Agora estou livre. Que maravilhoso que é. Isso porque estão me preparando para a minha alta que vai ser sexta ou sábado. O doutor vai me dar alta porque eu preciso respirar um pouco o ar fora do hospital. Já peguei duas infecções hospitalares e preciso sair do hospital — explicou a mulher.


Na última semana, Carolina publicou em suas redes que a dor havia diminuído.

— Eu não quero criar falsas esperanças, mas minha dor diminuiu muito, muito. Eu estou com uma dor basal nível 4 agora. Eu não sei ainda se ela vai ficar assim, mas (...) eu estou ficando com a dor menor. Faz anos que minha dor não diminui assim, eu estou muito feliz. As crises não diminuíram, mas a dor basal esta em nível 4. Ela nesse nível está suportável. Eu espero muito que se mantenha assim.


Entenda a doença


O caso da estudante de Veterinária moradora de Bambuí, Minas Gerais, ganhou repercussão após ela usar suas redes sociais para falar sobre o diagnóstico e a vontade de realizar um procedimento de eutanásia na Suíça devido à magnitude das queixas.


Carolina descobriu o diagnóstico de neuralgia do trigêmeo aos 16 anos, após uma gravidez, e desde então realizou uma série de procedimentos, até mesmo neurocirurgias, mas que não aliviaram a dor. Os médicos explicam que o tratamento do quadro realmente tem taxas variadas de sucesso.


A neuralgia do trigêmeo é rara, afeta cerca de 4,3 pessoas a cada 100 mil e é conhecida pelas dores crônicas e excruciantes, explicou o médico especialista em dor Carlos Marcelo de Barros, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED):


— A neuralgia do trigêmeo é uma doença no nervo trigêmeo, nós temos um de cada lado na face. Em 90% dos casos é causada por conflito vascular, uma artéria que, por má formação, encosta no nervo e o desmieliniza, levando-o a funcionar de maneira disfuncional. Geralmente ela acomete somente um dos ramos do nervo e apenas um dos dois nervos da face. Mas o caso da Carolina é ainda mais raro porque ela é jovem, tem um quadro bilateral, ou seja, acomete os dois nervos, e porque é nos três ramos de cada nervo. É muito difícil, muito sofrido.


Após tomar conhecimento sobre o caso de Carolina, Barros buscou a jovem e ofereceu uma nova rodada de tratamentos na Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas Gerais, de onde é diretor clínico.


Em julho, a mineira deu início a um novo protocolo de intervenções em busca de uma solução para o problema que a acomete há mais de 10 anos. No fim do mês, implantou neuroestimuladores na medula espinhal e na base do crânio para bloquear a transmissão do impulso nervoso do trigêmeo.


A dor, no entanto, não melhorou. Recentemente ela realizou outro procedimento, implantou uma bomba de infusão de fármacos. O dispositivo é inserido no abdômen e, através de um cateter, infunde medicamentos analgésicos, morfina e bupivacaína, diretamente no nervo trigêmeo. Carolina pode acionar o aparelho por meio de um controle sempre que for necessário.


De acordo com o plano terapêutico definido pela equipe da Santa Casa de Alfenas com Carolina, há ainda outras tentativas que poderão ser avaliadas caso a nova estratégia não dê certo a longo prazo. Uma delas é uma nova abordagem cirúrgica de descompressão vascular do nervo trigêmeo, e outra é um procedimento neurocirúrgico de nucleotractomia trigeminal, que tem como objetivo interromper cirurgicamente a transmissão sensitiva do nervo trigêmeo.


Fonte: O Globo

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