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Mamografia: médicos desmistificam fake news sobre radiação em exame que pode salvar vidas

Foto do escritor: Portal Saúde AgoraPortal Saúde Agora


Vídeos no TikTok afirmam equivocadamente que a mamografia emite altas doses de radiação e colocam em dúvida a real necessidade de realizar o exame. Fica o alerta: seria necessário que uma mulher realizasse mais de 400 mamografias ao longo da vida para aumentar o risco de câncer de mama de forma significativa por causa da radiação, explica a mastologista e secretária adjunta da Sociedade Brasileira de Mastologia Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos.


A mamografia é uma radiografia do tecido mamário que utiliza baixa dose de radiação ionizante. Considerada a principal ferramenta para o diagnóstico precoce do câncer de mama, pode identificar a doença em estágios iniciais, aumentando as chances de cura para até 95%. Apesar de desconfortável, o exame dura até 10 minutos e a maioria das pacientes considera a dor suportável.


Apesar disso, vídeos com mais de 1,2 milhões de visualizações no Tik Tok destacam um suposto “perigo” em torno do exame, por conta da radiação emitida, o que é desmistificado por médicos.

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum no Brasil, após o câncer de pele não melanoma, com 73.610 novos casos em cada ano. De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), em 2022, houve 19.130 mortes pela doença em mulheres no Brasil em 2022.


No mundo, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2022. E é também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população no planeta, com 666.103 óbitos estimados para esse ano. (A doença também atinge homens, o que é raro - menos de 1% do total de casos.)


A realização da mamografia anualmente é recomendada para mulheres de 40 a 49 anos, para o rastreamento assintomático, por algumas instituições, como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). Ou seja, estas instituições recomendam que o exame seja feito anualmente em mulheres nesta faixa etária, mesmo quando não há sintomas.


Já o Ministério da Saúde recomenda a mamografia a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos ou em qualquer idade em caso de histórico familiar. E mulheres e homens com sinais ou sintomas de câncer de mama têm direito assegurado a realizar mamografia e ultrassonografia no sistema público a partir da puberdade.


Sintomas do câncer de mama


Os sintomas de câncer de mama, de acordo com o INCA são:


  • Caroço (nódulos), geralmente endurecido, fixo e indolor;

  • Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos;

  • Pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas);


A presidente da Comissão de Mastologia da Febrasgo, Roseane Macedo, destaca que sociedades importantes nos Estados Unidos recomendavam a mamografia anual a partir dos 45 anos, mas hoje já recomendam o exame anual para mulheres a partir dos 40.


A incidência do câncer de mama aumenta progressivamente com a idade, especialmente após os 50 anos, mas a Febrasgo alerta que em torno de 25% das pacientes com a doença no Brasil têm câncer entre 40 e 50 anos de idade.


“Se nós assumirmos a recomendação do Inca (Instituto nacional do Câncer), nós estamos negligenciando 25% da população brasileira que tem câncer de mama entre 40 e 50 anos”, alerta Macedo.

A mastologista e secretária adjunta da Sociedade Brasileira de Mastologia Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos destaca que, no Brasil, a cobertura mamográfica tem sido de cerca de 25% - muito aquém do recomendado pela OMS, que é de 70%.


A radiação da mamografia e do meio ambiente


A radiação proveniente da mamografia varia de acordo com a espessura e a composição da mama, mas o exame emite, em média, 0,21 mSv (milésimos de Sievert - unidade que mede os efeitos biológicos da radiação).


Annamaria Massahud explica que a dose típica de uma mamografia equivale a 25 dias de exposição à radiação ambiental natural.


“Em modelos matemáticos, seria necessário uma mulher realizar mais de 400 mamografias ao longo da vida para aumentar o risco de câncer de mama de forma significativa. A quantidade de radiação é pequena e os benefícios do exame, como a detecção precoce do câncer de mama, superam os riscos associados à exposição”, explica Annamaria Massahud.

Para se ter uma ideia, a quantidade de radiação que um indivíduo recebe em média no meio ambiente no período de um ano é de cerca de 2,4 mSv.


Já a radiação emitida por uma tomografia de tórax, por exemplo, é de 5,8 mSv (mais do que o dobro da radiação que recebemos em um ano naturalmente no meio ambiente).


Macedo acrescenta que a Febrasgo observa com muita preocupação a divulgação de fake news a respeito da mamografia:


“A radiação que ela emite é extremamente baixa e bem menor do que a radiação utilizada em outros exames radiológicos. É o exame de maior importância no diagnóstico precoce de câncer de mama e a gente sabe que a não adesão a esse exame representa um risco de diagnóstico tardio e, consequentemente, uma possibilidade menor de cura”, alerta.

A imagem é obtida com um feixe de raios X de baixa energia, após a mama ser comprimida entre duas placas. O exame de mamografia completo são quatro incidências. Para usuárias de próteses mamárias, são usadas oito incidências - quatro em cada mama.


“Como o feixe é de baixa energia, o risco associado à exposição da radiação é mínimo, principalmente quando comparado com o benefício que pode ser obtido”, acrescenta a mastologista Maira Caleffi, presidente Fundadora da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).


Exame rápido e com desconforto considerado suportável


Estudos que avaliam a dor durante a mamografia mostram que a maioria das pacientes relatam que o desconforto durante sua realização é suportável.


Além disso, o exame é rápido e recomenda-se que ele seja evitado no período antes da menstruação, quando as mamas estão mais inchadas e um pouco doloridas. Além disso, pacientes com mamas muito sensíveis podem conversar com o médico e ele pode indicar um analgésico antes do exame para aliviar a dor.


“A mamografia não é invasiva e seu desconforto com certeza não chega nem perto do desconforto de um diagnóstico tardio de um câncer de mama. Ela é a principal estratégia para que a gente possa fazer um diagnóstico em fase inicial. E quanto mais precoce o tratamento, maior a chance de cura, com tratamentos menos invasivos e muitas vezes sem necessidade de quimioterapia”, declara Macedo.

Pacientes que dizem ter gostado da mamografia de um lugar específico porque não comprimiram muito a mama precisam ficar atentas, alerta a Dra. Caleffi. Talvez não seja uma mamografia de boa qualidade, porque é preciso realmente um grau de compressão para ter uma melhor qualidade das imagens.


“É importante destacar que a ultrassonografia não substitui a mamografia. A mamografia detecta desde microcalcificações suspeitas e também nódulos pequenos, adensamentos, alterações que podem nos levar a um diagnóstico bem mais precoce do que a palpação”, afirma Caleffi.

O autoexame


Além da mamografia, especialistas destacam a importância do autoexame. O Inca recomenda que a mulher observe e apalpe suas mamas sempre que se sentir confortável, sem técnica específica, valorizando-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.


Fonte: G1

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