Seis pessoas — duas australianas, dois dinamarqueses, um americano e uma britânica morreram — no Laos após ingerir álcool adulterado. De acordo com as autoridades locais, a bebida estaria contaminada como metanol, um produto químico usado em produtos industriais e domésticos, como diluentes, anticongelantes, vernizes e até fluidos de fotocopiadora.
O metanol, tal como o álcool que consumimos na cerveja, no vinho e nos destilados, é um líquido incolor com cheiro semelhante ao do álcool encontrado normalmente nessas bebidas, mas muito mais barato de produzir. Isso faz com que ele seja utilizado em bebidas adulteradas.
Dificilmente, será possível perceber a adulteração na hora do consumo, dado que seu gosto e efeito é semelhante ao da bebida não adulterada. No entanto, seus efeitos prejudiciais aparecem apenas horas depois, quando o organismo tenta eliminá-lo.
A ingestão de pequenas quantidade pode ser extremamente prejudicial à saúde e alguns shots do composto, como aconteceu com os turistas que morreram país asiático, podem ser fatais.
Como o metanol age no organismo
O álcool é metabolizado no fígado. No caso no metanol, este metabolismo cria subprodutos tóxicos chamados formaldeído, formato e ácido fórmico. Eles atacam nervos e órgãos, sendo o cérebro e os olhos os mais vulneráveis, o que pode levar à cegueira, coma e morte.
A toxicidade do metanol está relacionada à dose ingerida e ao organismo. Tal como acontece com o álcool tradicional, quanto menos você pesa, mais você pode ser afetado por uma determinada quantidade.
Normalmente, os efeitos demoram entre 40 minutos e 72 horas para aparecer. Os primeiros sinais são semelhantes ao da intoxicação por álcool e incluem problemas de coordenação, equilíbrio e fala, bem como confusão e vômitos. Ao mesmo tempo, a pressão arterial cai, resultando em uma sensação de tontura e desmaio.
Em fases posteriores – cerca de 18 a 48 horas após a ingestão – o ácido fórmico, que interrompe a produção de energia nas células, faz com que o pH do sangue caia, danificando tecidos e órgãos do corpo. Isso pode causar insuficiência renal, convulsões e até sangramento gastrointestinal.
Uma mudança dramática na frequência cardíaca – acelerando rapidamente ou desacelerando acentuadamente – é muitas vezes um sinal de um “caso fatal”, dizem os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Seu efeito no relaxamento muscular também suprime o sistema respiratório, causando dificuldade repentina em engolir e dificultando a respiração das pessoas.
“A pressão arterial baixa – hipotensão – e a parada respiratória ocorrem quando a morte é iminente”, acrescenta o CDC. O tratamento geralmente depende da gravidade do envenenamento, mas apenas exames de sangue podem confirmar isso.
A intoxicação por metanol tem tratamento?
Devido ao seu rápido efeito no organismo, o início do tratamento deve ser feito assim que houve suspeita da intoxicação por metanol. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos que podem ser administrados para tentar limpar o sangue, assim como a aplicação de diálise.
Surpreendentemente, alguns casos podem ser tratados com álcool (etanol). Isso porque a metabolização do etanol pelo fígado pode ajudar a atrasar o metabolismo do metanol e reduzir seu efeito tóxico no corpo. Mas isso tem que ser feito rapidamente.
Fonte: O Globo
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