Novo boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (9) alerta para preocupações da pasta na preparação do país para o enfrentamento do pico da pandemia. Entre outras questões, o documento lista como pontos de atenção: a limitação de testes para o vírus, falta de vagas em Unidades de Tratamento Intensivos (UTI) e falta de treinamento dos profissionais da saúde para lidarem com algumas situações.
No boletim, o ministério apresenta as soluções que estão sendo implantadas, sugestões para gestores e as preocupações sobre possíveis problemas que o sistema de saúde pode enfrentar.
Sobre o isolamento social
O documento reforça a necessidade de isolamento social nos lugares onde já há transmissão do novo coronavírus – para que o sistema de saúde destes lugares se prepare para a doença
“O Ministério da Saúde avalia que as estratégias de distanciamento social adotadas pelos estados e municípios, contribuem para evitar o colapso dos sistemas locais de saúde, como vem sendo observado em países como EUA, Itália, Espanha, China e recentemente no Equador. As medidas de distanciamento social ampliado ser mantidas até que o suprimento de equipamentos (leitos, EPI, respiradores e testes laboratoriais) e equipes de saúde (médicos, enfermeiros, demais profissionais de saúde e outros) estejam disponíveis em quantitativo suficiente.”- Boletim Epistemológico da Covid-19, número 8, do Ministério da Saúde..
O relatório segue a recomendação do boletim anterior sugerindo a ponderação da medida em locais que ainda não há transmissão.
“A mesma política restritiva em locais de nível de risco diferente não trará benefício à população dos locais de menor risco e, ainda por cima, trará o desgaste inevitável de medidas restritivas antes do momento em que as mesmas sejam efetivas para conter a transmissibilidade”, diz o documento.
O boletim justifica que no documento anterior, divulgado na última semana, não estava recomendando a adoção de qualquer medida específica, mas apontava caminhos. “Esse ato deve ser adotado pelos gestores locais, com base em suas realidades epidemiológicas e estruturais”.
Sobre as carências do sistema
Em um trecho, o boletim afirma que há carência de trabalhadores de saúde capacitados em algumas funções específicas, como: no manejo de equipamentos de ventilação e na atenção primária em casos gripais.
“Há carência de trabalhadores de saúde capacitados para manejo de equipamentos de ventilação mecânica, fisioterapia respiratória e cuidados avançados de enfermagem direcionados para o manejo clínico de pacientes graves de COVID-19 e trabalhadores treinados na atenção primária para o manejo clínico de casos leves de Síndrome Gripal” – Boletim Epistemológico da Covid-19, número 8, do Ministério da Saúde..
O ministério reconhece que faltam leitos de UTI para a fase mais crítica da pandemia. “Os leitos de UTI e de internação não estão devidamente estruturados e nem em número suficiente para a fase mais aguda da epidemia”.
Testes
Segundo o documento, a capacidade laboratorial do Brasil ainda é insuficiente para dar resposta a fase mais crítica da epidemia. “Até o momento foram registradas 25.675 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave no Brasil, sendo apenas 7% (1.769/25.675) confirmadas para COVID-19.”
O relatório afirma que, atualmente, o Brasil tem capacidade de processar cerca de 6.700 testes por dia. Mas que para o momento mais crítico da emergência será necessária uma ampliação para realização de 30 a 50 mil testes de RT-PCR por dia.
Testes laboratoriais
O ministério informou que, até o dia 3 de abril, foram enviados aos Estados 104.872 testes laboratoriais de Covid-19, produzidos pela Fiocruz. E, nesta semana, serão enviados outros 330 mil, sendo 300 mil doados pela Petrobrás e 30 mil produzidos pela Bio-Manguinhos.
Ao todo, o ministério informa ter adquirido, desde janeiro, 392.676 testes RT-PCR e 500 mil testes rápidos sorológicos, somando 892.676 testes exclusivos para Covid-19 – mas não informa quantos já foram efetivamente aplicados.
Testes rápidos
O ministério planeja distribuir testes rápidos para verificar a infecção por Covid-19 em alguns grupos específicos, como: profissionais de saúde, e de segurança pública, em atividade, e pessoas com síndrome gripal que morem com estes profissionais.
“O Ministério da Saúde pretende disponibilizar gradualmente testes rápidos para detecção de anticorpos contra SARS-CoV-2 aos serviços de saúde, recomendando a sua realização, em pessoas sintomáticas”, diz o boletim.
Seriam cerca de 2 milhões de pessoas testadas neste cenário – este número leva em conta uma projeção de 15% de infecção nestes grupos. Já a testagem dos demais grupos populacionais quanto à doença “está subordinada à sua dinâmica no país e à capacidade operacional dos serviços de saúde, conforme futuras recomendações, aquisições ou doações.”
Sobre a Cloroquina
Sobre a cloroquina, o ministério assume que ainda há necessidade de mais testes antes do uso em larga escala.
“Apesar de alguns medicamentos serem promissores, como a Cloroquina associada à Azitromicina, ainda não há evidência robusta de que essa metodologia possa ser ampliada para população em geral, sem uma análise de risco individual e coletivo. Nunca foi utilizada dessa maneira em larga escala. Precisa-se de mais duas a três semanas para que os resultados sejam efetivamente robustos e apoiem a adoção dessa medida” – Boletim Epistemológico da Covid-19, número 8, do Ministério da Saúde.
O uso da cloroquina é alvo de estudos. Apesar de evidências positivas, não há resultados conclusivos e médicos alertam para os efeitos colaterais, como a arritmia cardíaca. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que nenhum medicamento, até agora, se mostrou seguro e eficaz contra a Covid-19. No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou protocolo que indica o uso da cloroquina para pacientes graves e moderados.
Fonte: Bem Estar
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