Para garantir uma consulta médica, uma mulher de 59 anos improvisou uma cama e dormiu em frente a um posto de saúde em Florianópolis. Ela registrou em vídeo a chegada à unidade de saúde, às 2h30 da madrugada, e comemorou o fato de ser a primeira da fila de senhas para atendimento médico.
“Ninguém na fila, sou a primeira. Graças a Deus hoje eu pego minha ficha”’, afirmou Beatriz Marimon. O vídeo foi gravado por ela na madrugada de quarta-feira (4). Ela tentava uma vaga no posto de saúde do Rio Vermelho, no Norte da Ilha, desde o início da semana. O problema é recorrente em postos de saúde da região. Em setembro, moradores do bairro Ingleses também madrugavam para conseguir fichas.
“Segunda [2] cheguei às 4h. Aí eram cinco fichas e não consegui. Voltei na terça [3] mais cedo, 3h30, também não consegui. Aí na quarta fui às 2h para a fila. Fiquei com medo, confesso. Tu ficas ali ao relento. Já está doente, aí as pessoas adoecem um pouco mais naquela fila”, contou Beatriz.
Para aliviar a espera e conseguir dormir, Beatriz improvisou uma cama com uma cadeira de praia. Levou uma manta de casa para se cobrir e ficou cerca de uma hora sozinha na frente do posto. Outros moradores começaram a chegar e registraram a cena.
Beatriz tem uma hérnia umbilical, conseguiu mostrar os exames para o médico, mas precisa fazer outros antes da cirurgia e teme precisar madrugar na fila de novo.
Mulher fez cama em frente a posto para garantir atendimento médico — Foto: NSC TV/Divulgação
Filas todos os dias
Os moradores formam uma enorme fila durante a madrugada todos os dias na calçada, fora do pátio do posto. Às 6h, um funcionário costuma abrir o portão para que eles esperem dentro do pátio até as 7h, quando abre o posto. A região do Rio Vermelho é dividida por áreas, como em outras unidades da capital, e cada uma tem uma cor.
A Secretaria da Saúde admite que falta médico, que dois pediram para sair em outubro e ainda não conseguiu contratar substitutos.
“Dia 16 a gente espera novos candidatos para ver se conseguimos colocar o médico lá. A pessoa que chegou de madrugada, chegou às 7h na abertura do posto de saúde e foi informada que sua área está sem médico, deve continuar ali e relatar seu caso, sua necessidade para o enfermeiro ou técnico de enfermagem da sua equipe e esse profissional, internamente, vai garantir a consulta médica”, explicou o gerente de Atenção Primária da Secretaria da Saúde de Florianópolis, João Paulo Melo da Silveira.
Serviços por telefone devem estar prontos até o fim do ano
Sobre a espera na fila para conseguir consulta, a ideia é permitir o agendamento pelo celular. A Secretaria da Saúde disse que os chips de telefone já foram comprados e os postos vão começar a usar o sistema ainda neste ano.
Outra promessa é o início do “Alô Doutor”, que agora virou “Alô Saúde”, em que profissionais vão avaliar caso a caso por telefone antes de marcar a consulta. A previsão da prefeitura é que ele comece a funcionar até o fim de 2019.
“Para que o paciente possa mandar Whatsapp para a equipe e ver melhor o momento de ir ao posto, não precisar ir de madrugada. O ‘Alô Saúde Floripa’ está na fase final de implementação e as pessoas terão um número para ligar 24 horas por dia”, disse João Silveira.
Fonte: G1
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