A Polícia Civil informou que a agressão a um médico obstetra no Hospital Marieta Konder Bornhausen na manhã desta quarta-feira (13), em Itajaí, teria sido motivada por ciúmes. O agressor, um homem de 45 anos, é professor de artes marciais e acompanhava a mulher, que estava em trabalho de parto. Ele foi preso e passará por audiência de custódia nesta quinta-feira (14).
De acordo com a obstetra Ana Comin, o médico, que está no último ano de residência médica em ginecologia e obstetrícia, recebeu a paciente, a examinou e constatou que estava com 3 centímetros de dilatação. Ela diz que, nessas condições, ainda não há necessidade de internação. Em nota, o Hospital Marieta confirmou que o médico seguiu os protocolos do Ministério da Saúde no atendimento.
O marido insistiu para entrar com a mulher na sala — o que não é autorizado, segundo a médica, porque há outras pacientes que também ficam no mesmo local. A recomendação do obstetra foi para que ela caminhasse por cerca de duas horas, para estimular o trabalho de parto.
— Ela saiu, e depois bateu na porta. A enfermeira atendeu, ela disse que queria ir para casa, e a enfermeira chamou o médico. Ele falava com ela com a porta entreaberta quando recebeu o soco, nem viu de onde veio — diz a médica.
Segundo ela, a própria mulher teria dito à equipe, após a agressão, que o marido é ciumento.
— Não se sabe se ele teve ciúmes, ou não gostou da conduta médica — diz.
Cirurgia e comoção
Durante a tarde, o médico agredido passou por cirurgia de reconstrução facial e precisou fazer o reimplante de dentes. A obstetra Ana Comin disse que ele e é bem quisto pelos colegas e pacientes, e a agressão causou comoção entre a equipe médica do hospital.
O caso também trouxe à tona as ameaças e a violência a que os médicos estão expostos durante os atendimentos. Ao postar o caso nas redes sociais, Ana recebeu relatos vindos de todo o país, de médicos residentes que passam por situações semelhantes.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-SC) emitiu nota de repúdio, em que reconhece que “a agressão em Itajaí não é fato isolado e repete-se por todo país”. ” O médico tornou-se, equivocadamente, o responsável pelas mazelas inerentes a um sistema de saúde deficitário”, afirma.
A Associação Catarinense de Medicina (ACM) exige, em nota a apuração rigorosa dos fatos e a imediata punição do agressor. “Da mesma forma, a entidade clama para que sejam garantidas, pelos gestores públicos e privados da saúde, as condições dignas de trabalho aos médicos e profissionais do setor, com a segurança indispensável nos hospitais e nos postos de atendimento à população de toda Santa Catarina”.
A Associação Catarinense de Médicos Residentes (ACMR) e o Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc) também lançaram nota de repúdio, afirmando que “vêm há tempos, juntamente com outros órgãos e instituições, abordando e denunciando a questão de violência que os profissionais da saúde têm vivenciado dentro do ambiente de trabalho”.
Nota da ACM
“A ACM – Associação Catarinense de Medicina repudia veementemente a violência ocorrida contra o residente de Medicina, R3 em Ginecologia e Obstetrícia, no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, na manhã de hoje (13/11/2019).
É inadmissível a agressão sofrida, assim como é inaceitável todo e qualquer ato de violência contra médicos e profissionais da saúde no exercício das suas atividades, que estão alicerçadas no valor do respeito ao próximo e na defesa da vida.
Diante da gravidade do ocorrido, a ACM exige a apuração rigorosa dos fatos e a imediata punição do agressor. Da mesma forma, a entidade clama para que sejam garantidas, pelos gestores públicos e privados da saúde, as condições dignas de trabalho aos médicos e profissionais do setor, com a segurança indispensável nos hospitais e nos postos de atendimento à população de toda Santa Catarina”.
Nota do CRM
“O Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina (CRM-SC) vem a público, por meio desta nota, manifestar seu total repúdio a agressão física covarde e imotivada sofrida por médico residente no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, na manhã de hoje. O ato de violência, que culminou em cirurgia reconstrutiva da face do médico, foi praticado por pessoa que, sem qualquer conhecimento técnico, discordou da conduta e procedimento médico realizado quando do atendimento da esposa, paciente gestante, em trabalho de parto.
A brutalidade e desumanidade jamais se justificam.
Infelizmente, a agressão em Itajaí não é fato isolado e repete-se por todo País. Diante do aumento significativo de relatos de casos dessa natureza, o CFM e CRMs vem desenvolvendo campanha contra a violência, orientando a necessidade de registro desse tipo de crime por meio de boletim de ocorrência, bem como postulando junto das autoridades a adoção de medidas para o combate as agressões aos médicos no ambiente de trabalho.
A crise na saúde pública é o estopim na deterioração da relação médico-paciente. O médico tornou-se, equivocadamente, o responsável pelas mazelas inerentes a um sistema de saúde deficitário, decorrente da insensibilidade e incompetência por parte dos gestores associada à incessante campanha depreciativa do trabalho médico a atribuir-lhe os problemas e as deficiências.
O CRM-SC está atento acompanhando o caso e se solidariza com o profissional médico”.
Nota da ACMR/Simesc
“A Associação Catarinense dos Médicos Residentes vem a público, por meio desta nota, manifestar total repúdio ao ato covarde de agressão, praticado por um acompanhante de paciente contra o médico residente de obstetrícia e ginecologia durante um atendimento no hospital Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí.
O médico foi encaminhado para o centro cirúrgico para realizar uma cirurgia de bucomaxilo, segundo informações levantadas.
A ACMR vem há tempos, juntamente com outros órgãos e instituições, abordando e denunciando a questão de violência que os profissionais da saúde têm vivenciado dentro do ambiente de trabalho.
Não podemos admitir que profissionais da saúde, que trabalham diretamente em busca de cumprir com sua missão exercendo a medicina, sejam agredidos ou sofram qualquer tipo de violência.
A ACMR estará acompanhando o caso e se solidariza com os familiares e amigos do médico residente”.
Fonte: NSC Total
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