Três médicos goianos suspeitos de reutilizarem materiais descartáveis em cirurgias foram soltos por decisão do Judiciário paranaense, na noite de quarta-feira (18), depois de passarem sete dias detidos. Estavam na Casa de Prisão Provisória de Rio Verde, região sudoeste de Goiás, os urologistas Ronaldo Sesconeto e Camilo de Viterbo Idalino. Já Daniel Rodrigues Magalhães estava detido em Goiânia.
A defesa do médico Ronaldo Sesconeto disse que vai provar a inocência dele na Justiça. Já a defesa de Camilo de Viterbo Idalino comemorou o “cumprimento da lei”, reforçou que a prisão foi “um grande equívoco resolvido” e que a inocência do médico será provada na Justiça. O G1 não conseguiu o contato da defesa do médico Daniel Rodrigues Magalhães, que atende em Goiânia.
A decisão do juiz Givanildo Nogueira Constantinov, do Paraná, alegou que as prisões foram revogadas porque os esforços da operação policial já foram realizados, assim como a oitiva dos investigados, e não há mais justificativa para mantê-los presos nem converter a prisão temporária em preventiva.
Além dos médicos goianos, três urologistas do Paraná também foram soltos pela mesma decisão judicial.
‘Operação Autoclave’
As investigações começaram no Paraná e tiveram desdobramentos com mandados de prisões cumpridos em Rio Verde e Goiânia. Os mandados de prisão contra seis médicos foram cumpridos no último dia 11 de dezembro. No sul, também foram detidas uma instrumentadora e uma secretária.
Os materiais descartáveis reutilizados em supostos procedimentos cirúrgicos pelos investigados englobavam cateteres e equipamentos que deveriam ter sido jogados fora depois da primeira utilização. Em alguns casos, os materiais foram reutilizados 15 vezes em cirurgias de mesmo porte.
Os equipamentos eram vendidos a médicos urologistas que, conforme a Polícia Civil do Paraná, reaproveitavam os materiais em cirurgias de pacientes particulares – proporcionando maior lucro aos cirurgiões.
Infecção após cirurgia
Uma mulher, que preferiu não se identificar, relatou que foi operada por um dos seis médicos presos em Rio Verde suspeitos de reaproveitar materiais cirúrgicos descartáveis e teve problemas no pós-cirúrgico.
A paciente relata que teve uma “infecção fortíssima” e demorou um tempo três vezes maior que o previsto para se recuperar. A defesa dos médicos nega as acusações.
A paciente fez uma cirurgia em fevereiro deste ano, em Rio Verde, para retirar pedras nos rins. Ao longo da recuperação, ela começou a passar mal e suspeita que materiais que deveriam ter sido descartados foram usados nela.
Fonte: G1
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