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Novo coronavírus (2019-nCoV): informações para os médicos brasileiros

Uma nova variante do coronavírus, denominada 2019-nCoV, isolada na China em 07 de janeiro de 2020, foi identificada após a notificação de uma série de casos de pneumonia de causa desconhecida entre o final de 2019 e o início de 2020. Os primeiros pacientes foram diagnosticados na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei. Este é o sétimo coronavírus conhecido capaz de infectar humanos.

A origem do surto ainda é incerta. Da mesma maneira, ainda há várias dúvidas acerca do novo 2019-nCoV.

Segundo o boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 5 de fevereiro, 24.554 casos haviam sido confirmados em todo o mundo; destes, 24.363 na China, com o restante distribuído em 24 outros países. Além disso, foram registrados 491 óbitos em decorrência da infecção em território chinês, e pelo menos um caso fora da China.

Transmissão

A transmissão pode ocorrer de animais para humanos após mutações do vírus, o que é chamado de species jumping. O 2019-nCoV também pode ser transmitido de pessoa para pessoa pelo ar, por meio de tosse ou espirro; pelo toque, como um aperto de mão e contato com objetos ou superfícies contaminadas ou com a boca, nariz ou olhos. Ainda não está claro com que facilidade o 2019-nCoV é transmitido de pessoa para pessoa.

Período de incubação e transmissibilidade

Estas informações ainda precisam ser elucidadas; presume-se que o período de incubação varie de 2 a 14 dias, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos. Já a OMS estima que o tempo seja de 2 a 10 dias. Em relação ao período de transmissibilidade, mais estudos são necessários para determinar se a transmissão do novo coronavírus pode ocorrer a partir de indivíduos assintomáticos (o que parece ser o caso) ou durante o período de incubação.

Manifestações clínicas

Quando ocorre pneumonia ou pneumonite, os sintomas incluem febre, tosse e dificuldade respiratória. Porém, as pessoas infectadas pelo 2019-nCoV podem ser desde assintomáticas, apresentar um quadro semelhante a um resfriado comum, até casos graves (20%), com pneumonia e insuficiência respiratória. Crianças de pouca idade, pessoas acima de 60 anos e pacientes com imunodeprimidas têm mais risco de manifestações graves.

Definição da suspeita de infecção por 2019-nCoV

Três circunstâncias devem levantar suspeita da presença do novo coronavírus, de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil:

  1. Situação 1: Febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade respiratória, batimento das asas nasais, entre outros) histórico de viagem para alguma área com transmissão local (de acordo com a OMS) nos 14 dias anteriores ao surgimento dos sinais ou sintomas;

  2. Situação 2: Febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade respiratória, batimento das asas nasais, entre outros) histórico de contato próximo com pessoa com suspeita de coronavírus nos 14 dias anteriores ao surgimento dos sinais ou sintomas;

  3. Situação 3: Febre ou pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade respiratória, batimento das asas nasais, entre outros) e contato próximo com pessoa com diagnóstico de coronavírus confirmado em laboratório, nos 14 dias anteriores ao surgimento dos sinais ou sintomas.

Observações

A febre pode não ocorrer em alguns casos, como, por exemplo, em pacientes jovens, idosos, imunodeprimidos ou que possam ter utilizado medicamento antitérmico. Nestas situações, a avaliação clínica deve ser levada em consideração e a decisão deve ser notificada.

Contato próximo é definido como: estar a aproximadamente dois metros de um paciente com suspeita de infecção por 2019-nCoV, dentro da mesma sala ou local de atendimento por um período prolongado sem uso de equipamento de proteção individual (EPI).

O contato próximo pode incluir: cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de atendimento médico ou ainda, ter contato direto com fluidos corporais sem o EPI recomendado.

Notificação de suspeita de caso

Todo caso que se enquadre na definição de caso suspeito deve ser notificado em até 24 horas, preferencialmente no momento do atendimento.

Por telefone: o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) oferece um serviço de atendimento gratuito disponível 24 horas, todos os dias da semana, aos profissionais de saúde, denominado Disque Notifica (0800-644-6645).

Via internet:

  1. e-notifica: Notificação por meio do correio eletrônico do CIEVS; e

  2. FormSUScap 2019-nCoV: este formulário deve ser utilizado para o envio das informações padronizadas sobre suspeitas de infecção por 2019-nCoV pelos serviços públicos e privados.

CID 10: B34.2 – Infecção por coronavírus de localização não especificada. Em caso de suspeita de infecção por 2019-nCoVISOLAMENTOAVALIAÇÃOENCAMINHAMENTO1. Os pacientes com suspeita de infecção por 2019-nCoV devem utilizar máscara cirúrgica desde o momento em que forem identificados na triagem até sua chegada ao local de isolamento, que deve ocorrer o mais rápido possível. 2. Qualquer pessoa que entre no quarto de isolamento ou em contato com o paciente com suspeita de infecção por 2019-nCoV deve utilizar EPI (de preferência máscara N95 para exposições por tempo prolongado e procedimentos que gerem aerolização; eventualmente máscara cirúrgica para exposições eventuais de baixo risco; protetor ocular ou de face; luvas; e capote/avental).1. Realizar coleta de duas amostras respiratórias: aspirado de nasofaringe (ANF) ou swab combinado (nasal/oral) ou amostra de secreção respiratória inferior (escarro, lavado traqueal ou lavado bronco alveolar). 2. Prestar primeiros cuidados de assistência.1. Os casos graves devem ser encaminhados para um hospital de referência para isolamento e tratamento. 2. Os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde (APS) e devem ser tomadas medidas de precaução domiciliar.

Tratamento

Nenhum antiviral específico mostrou eficácia até a presente data. Indica-se repouso e ingestão de líquido, além de medidas para alívio os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade, com pneumonia e insuficiência respiratória, pode ser necessário o uso de suplemento de oxigênio e até mesmo ventilação mecânica. Os antibióticos são indicados somente em casos de infecção bacteriana secundária.

Prevenção

Até o momento não há evidências de que nenhum medicamento ou vacina proteja contra o 2019-nCoV.

As orientações para reduzir o risco de infeção pelo novo coronavírus são:

  1. Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas;

  2. Lavar frequentemente as mãos por pelo menos 20 segundos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar. Se não tiver água e sabão, use álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível;

  3. Usar lenço descartável para higiene nasal;

  4. Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir;

  5. Evitar tocar nas mucosas dos olhos;

Fonte: Medscape

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