Injeções como Ozempic e Wegovy, muito utilizadas por quem busca emagrecimento e pessoas com diabetes, podem prejudicar o tratamento de câncer de mama, alerta um estudo feito por especialistas da UT Southwestern Medical Center, nos Estados Unidos.
Segundo os cientistas, os medicamentos, que são aplicados semanalmente e têm mostrado eficácia de até 20% na redução de peso em algumas pessoas, podem interferir nas terapias contra o câncer, principalmente no tratamento de câncer de mama triplo negativo, que é mais agressivo e difícil de tratar.
Ozempic atrapalha o tratamento contra o câncer
O estudo acompanhou centenas de mulheres com câncer de mama triplo negativo em estágio inicial, algumas das quais estavam usando GLP-1, o composto ativo de medicamentos como Ozempic, durante o tratamento contra o câncer.
Após dois anos, os resultados mostraram que apenas 28% das mulheres que usaram o GLP-1 responderam completamente ao tratamento e ficaram livres da doença. Em contraste, 63% das que não usaram o medicamento estavam em remissão.
A oncologista Bethania Santos, pesquisadora que apresentou o estudo nesta quinta (12/12), no Simpósio sobre Câncer de Mama de San Antonio, nos Estados Unidos, afirmou que o uso do GLP-1 pode precisar ser “cuidadosamente considerado” durante o tratamento da doença.
Ela explicou que o GLP-1 parece se infiltrar nas células tumorais e imunes, o que pode tornar as células cancerígenas mais resistentes aos tratamentos convencionais.
“Sabemos que a obesidade aumenta o risco de câncer e, portanto, medicamentos como o Ozempic, que ajudam as pessoas a perder peso, também podem reduzir esse risco. As injeções também parecem proteger o coração e possivelmente o cérebro. Mas precisamos pensar muito cuidadosamente sobre esses novos dados e realizar mais pesquisas”, disse Bethania em entrevista ao Daily Mail.
Câncer de mama triplo negativo
Embora o uso de medicamentos como Ozempic e Wegovy tenha mostrado potencial para reduzir o risco de alguns tipos de tumor, o câncer de mama triplo negativo, que representa cerca de 15% dos casos, é especialmente difícil de tratar. Ele cresce mais rápido e tem menos opções terapêuticas, já que não possui receptores hormonais, como os de estrogênio, que são alvo de tratamentos direcionados.
“É importante que as pacientes não entrem em pânico, mas devem informar seus oncologistas sobre o uso de GLP-1 durante o tratamento”, aconselhou Bethania.
Especialistas também sugerem que, embora os GLP-1 possam ser prejudiciais durante o tratamento ativo, eles poderiam ser úteis após o término da terapia para ajudar a manter o peso baixo e diminuir o risco de recidiva do câncer. A pesquisa ainda está em andamento, e mais estudos são necessários para entender melhor as implicações desses medicamentos no tratamento do câncer.
A autora do estudo, Liz O’Riordan, especialista em câncer de mama, destacou: “Precisamos considerar como esses pacientes são tratados e realizar mais pesquisas para entender melhor o impacto dos medicamentos”.
Fonte: Metrópoles
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