O câncer de cólon, doença que o ex-jogador Pelé tinha, é um dos três tumores malignos mais frequentes no Brasil. O atleta morreu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos, em São Paulo, e estava internado no Hospital Albert Einstein desde o dia 28 de novembro.
O câncer de cólon e reto responde por cerca de 10% de todos os casos da doença no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A estimativa é que mais de 40 mil pessoas tenham sido diagnosticadas somente neste ano.
Entre os homens, fica atrás apenas do câncer de próstata; entre as mulheres, atrás somente do câncer de mama feminina.
O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus, e também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal.
A doença é tratável e, na maior parte dos casos, curável se detectada em estágio inicial, antes de se alastrar para outros órgãos.
Causas
A maioria dos casos não tem causa conhecida, segundo o Inca.
A incidência, no entanto, é maior em quem tem excesso de gordura corporal; consome acima da quantidade recomendada carnes vermelhas (vaca, porco ou cordeiro) e carnes processadas (bacon, presunto, mortadela, salame, peito de peru, salsicha, linguiça); tem alimentação pobre em fibras; e é fumante ou consome bebida alcoólica.
Histórico pessoal ou familiar que aponte presença de pólipos (lesões benignas) e doenças inflamatórias intestinais também aumentam as chances do aparecimento desse tipo de tumor.
Risco aumenta a partir dos 50 anos O Inca informa que a maior parte casos de câncer de cólon e reto "se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso".
Segundo a oncologista Renata D'Alpino, líder da especialidade de tumores gastrointestinais e neuroendócrinos do Grupo Oncoclínicas, esses pólipos que crescem na parede interna do órgão podem se tornar malignos quando não são identificados.
“Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida”, explica a médica ao g1.
Segundo ela, no entanto, os diagnósticos vêm crescendo também entre os mais jovens.
Sintomas
A presença de sangue nas fezes, a alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados) e dores ou desconfortos abdominais estão entre os sintomas listados pelo Inca.
Outros sinais de alerta são fraqueza, anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes (que passam a ser mais finas e compridas) e a formação de massas abdominais.
Diagnóstico
A principal forma de diagnóstico é, segundo a oncologista Renata D’Alpino, pelo exame de colonoscopia.
O exame é feito a partir da inserção no intestino de um aparelho chamado colonoscópio, que conta com uma câmera na ponta. A máquina faz imagens que revelam se houver possíveis alterações.
Também existem exames de rastreamento, como o de sangue oculto de fezes, que podem ser feitos em pessoas de 50 a 75 anos de idade, mesmo que não apresentem sintomas.
Caso o câncer colorretal seja diagnosticado, o especialista irá avaliar o estágio do tumor e classificá-lo, indicando se há ou não o comprometimento de outros órgãos.
Segundo D’Alpino, é preciso atenção e cuidado diante do aparecimento de sintomas, já que muitas vezes o tumor só é descoberto tardiamente, após o aparecimento de sinais mais severos, como anemia e fraqueza.
“Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorroidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados”, diz a médica.
Tratamento
Apesar de o câncer colorretal ter altas chances de cura na grande maioria dos casos, é de extrema importância que a doença seja diagnosticada o quanto antes, ressalta D’Alpino.
Existem tratamentos locais, como cirurgia, radioterapia, embolização (injeção de substâncias para obstruir ou diminuir o fluxo sanguíneo que chega às células cancerígenas) e ablação, que agem diretamente no tumor primário ou em metástases isoladas, sem afetar o restante do corpo.
Também há os tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo), realizados por meio de medicamentos orais ou endovenosos (aplicados na veia, diretamente na corrente sanguínea).
Como prevenir? Para prevenir a doença, o Inca recomenda praticar atividade física, evitar bebidas alcoólicas e cigarro e fazer uma dieta baseada principalmente em alimentos de origem vegetal (com frutas, verduras, legumes e grãos). É a chamada prevenção primária.
Já a prevenção secundária se baseia sobretudo em exames de rastreamento de rotina. "Esse procedimento é capaz de identificar problemas mais graves e silenciosos, como o caso do câncer, além da doença de Crohn e retocolite ulcerativa", explica D’Alpino.
"Por isso, é fundamental que informações de qualidade sejam transmitidas à sociedade, com o objetivo de conscientizar sobre a importância da colonoscopia e, principalmente, alertar que o exame pode salvar vidas."
Fonte: G1
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