Cada vez mais comum na população, o câncer é uma das doenças mais estudadas da medicina. Com o passar dos anos, a ciência foi percebendo que não existe um tratamento padrão que resolva todos os tipos de tumor: cada paciente responde de maneira diferente às tentativas de eliminar as células cancerígenas. Por isso, a palavra de ordem para o futuro do tratamento é personalização.
Na busca por opções cada vez mais certeiras, está sendo lançado no Brasil um exame chamado Onco-PDO. Em laboratório, os cientistas usam células recolhidas a partir da biópsia do câncer ou da cirurgia de ressecção do tumor e cultivam células em 3D semelhantes às que encontraram no paciente.
“É um tipo de modelo onde as células não ficam aderidas à placa e preservam a arquitetura que é observada no tecido humano. A técnica permite que a gente tenha, em laboratório, o modelo que mais se assemelha ao que é observado no paciente”, explica a biomédica Danielle Ferreira, responsável pelo laboratório Invitrocue, que disponibiliza o exame em parceria com o grupo Oncoclínicas.
Opções de tratamento
A partir da criação do modelo, a equipe é capaz de testar vários tipos de tratamento para ver exatamente o que funciona contra o câncer específico do paciente que realizou o exame. O médico responsável pelo caso recebe 60 opções de drogas de terapia-alvo e quimioterapia e pode escolher oito tipos para testar na amostra.
O teste custa R$ 35 mil e, por enquanto, está disponível no Brasil apenas de maneira particular, ou seja, não é coberto por planos de saúde e nem está no Sistema Único de Saúde (SUS).
“O processo todo, da coleta do material até a liberação do laudo, demora, no máximo, 21 dias. O relatório mostra como as células responderam a cada tratamento, permitindo que o médico tenha informações suficientes para escolher a melhor terapia para o paciente”, conta Danielle.
O Onco-PDO pode ser usado em amostras de câncer de mama, pulmão, colorretal, próstata, pancreático, gástrico e de ovário. O exame foi classificado, em 2017, como uma “revolução no descobrimento de drogas” pelo Instituto de Células-Tronco da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e como “método do ano” pela revista Nature em 2018.
Fonte: Metrópoles
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