Uma pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Associação Paulista de Medicina (APM), divulgada nesta quinta-feira (3/2), mostra que 87,3% dos médicos brasileiros foram diagnosticados com Covid-19 ou conhecem outros médicos do mesmo ambiente de trabalho que foram infectados pelo coronavírus nos últimos dois meses.
O presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, avalia que o grande número de profissionais infectados em um intervalo tão curto está relacionado à alta transmissibilidade da variante Ômicron, dominante no país.
“Em função do tempo de exposição dentro das unidades de saúde, e fora também, mesmo utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs), eles acabam se contaminando e são forçados a ausentar-se temporariamente do trabalho”, explicou.
O estudo mostra a percepção dos médicos sobre o atual momento da pandemia de Covid-19, focada em questões como os impactos da variante Ômicron no sistema de saúde, a própria saúde física e mental, os impactos das fake news no enfrentamento à doença e o nível de aprovação da gestão do Ministério da Saúde na crise de saúde pública.
Os resultados são baseados nas respostas de 3.517 profissionais de todo o Brasil que atuam em unidades públicas e privadas de saúde – 82,2% são da região Sudeste. Os dados foram coletados entre 21 e 31 de janeiro de 2021.
Impacto da Ômicron nos hospitais
O aumento de casos de Covid-19 relacionados à variante Ômicron fez com que os médicos se sentissem apreensivos (51,6%), esgotados (51,1%), ansiosos (42,7%), insatisfeitos (27,5%), deprimidos (15,6%), pessimistas (14,4%) ou revoltados (12,6%).
Foram relatados casos de médicos com sensação de sobrecarga (64,2%), estresse (62,4%), ansiedade (56,8%), exaustão emocional (56,2%), distúrbios de sono (39,2%), dificuldade de concentração (30,5%) e outros problemas.
“A única maneira de melhorar essa situação de esgotamento das equipes é reduzindo o número de casos de Covid-19 no país. Além disso, eu não vejo como resolver de pronto essa situação”, afirmou o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes. O representante avalia que não adianta realocar profissionais quando há carência de mão de obra.
Aproximadamente 45% dos entrevistados avaliaram que faltam médicos, enfermeiros ou outros profissionais de saúde voltados ao cuidado de pacientes com coronavírus nas unidades em que trabalham. Pelo menos 17% deles sentem a falta de diretrizes, orientações ou programa para atendimento.
Gestão do governo
O levantamento revelou que 51% dos médicos brasileiros considera a atuação do Ministério da Saúde na gestão da pandemia péssima ou ruim. Apenas 25,2% considera que a pasta tem feito um trabalho bom ou ótimo.
A confiança no ministério se reflete nas referências que os médicos usam para o tratamento dos pacientes da Covid-19. Apenas 14,6% se apoia nas diretrizes do ministério, enquanto 65,1% segue orientações das sociedades de especialidades e associações médicas.
Fake news
A maioria dos médicos, 57,2%, avalia que a circulação de fake news interfere negativamente no enfrentamento à pandemia pois leva algumas pessoas a minimizar ou negar o problema.
Os presidentes das duas instituições chamaram atenção ao fato de que 13,7% dos profissionais não enxergam as fake news como um problema.
Fonte: Metrópoles
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