A endocrinologista Larissa Figueiredo afirma que Manaus vive novo pico de casos de covid-19 há mais de um mês. Em entrevista ao Correio Braziliense em live no Instagram, a médica descreve o colapso na saúde do estado do Amazonas e aponta as causas da crise na capital. De acordo com ela, na última sexta-feira (15/1), médicos e pacientes vivenciaram algo “pior do que uma guerra. É uma guerra por incompetência do sistema, da gestão, por falta de visão”.
Uma das principais reclamações da endocrinologistas é a desativação dos dois hospitais de campanha da cidade, após o primeiro pico da doença em Manaus, algo que ela chama de erro de planejamento por parte do governo. Outro ponto que colaborou para a crise, na opinião da especialista, é que as cidades do interior não têm Centros de Tratamento Intensivo (CTIs), resultando na sobrecarga dos hospitais da capital.
Respondendo a perguntas de espectadores da entrevista, a médica tentou destrinchar os motivos pelos quais Manaus foi, novamente, uma concentração de casos graves da doença. Uma explicação é o surgimento de nova cepa do coronavírus e, de acordo com os estudos já existentes, essa mutação é mais transmissível. Outra causa são as características da cidade que, por ser um polo industrial, recebe muitos visitantes, inclusive de outros países. E também as desigualdades sociais da capital amazonense, com percentual grande de famílias em casas pequenas, facilitando a aglomeração. Os problemas de gestão e corrupção no local também foram lembrados.
Figueiredo destaca ainda que, embora o desabastecimento de tanques de oxigênio seja o grande vilão do colapso, outras necessidades dos médicos e hospitais também estão em falta. Pacientes tem sido transferidos para outros cidades, inclusive Brasília.
A médica, que leciona na Universidade Estadual do Amazonas, acredita que a situação de Manaus possa servir de alerta para todo o Brasil. “Somos um termômetro pro resto do país”, avisa.
Prevenção
A nova cepa do coronavírus também pode ser mais perigosa por alcançar parcela maior da população jovem, que costuma ter menos sintomas ou até ser assintomática.
A médica rechaçou a ideia de que o uso de remédios pode prevenir a covid-19. “Infelizmente não tem dados científicos robustos”, afirma sobre ivermectina ou outros medicamentos citados frequentemente nas redes sociais e por políticos.
Enquanto a vacina não chegar, Larissa Figueiredo orienta sobre a melhor prevenção: "Tratamento precoce chama se cuidar, usar máscara e álcool gel, além do isolamento”, crava.
Diagnóstico
Para descobrir se está com o vírus, o melhor teste, chamado de padrão ouro por Figueiredo, é o RT PCR por swab nasal e oral. O resultado pode demorar até quatro dias para ficar pronto, mas é o mais confiável. É importante lembrar que cada tipo de exame tem orientações específicas, inclusive o período certo para fazer.
Fonte: Correio Braziliense
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