Flávio Silva Tampelini tem 37 anos, nasceu no Paraná, morou em São Paulo e há 10 anos é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Professor do curso de medicina, ele decidiu mudar a vida dos alunos a partir da ajuda às pessoas em situação de vulnerabilidade. Dessa vontade surgiram dois projetos, que tem o objetivo de humanizar os futuros médicos.
Professor concursado, Flávio sempre quis dar aulas para universitários e quando passou a dar aulas de anatomia, começou a se questionar sobre os corpos que eram utilizados nas aulas. “Sou professor de anatomia e mexo com cadáveres. A maioria dessas pessoas morrem na invisibilidade, como indigentes E desde que comecei, tive muita curiosidade de conhecer essas pessoas, entender o porquê delas estarem nas ruas”.
Depois de conhecer um projeto em São Paulo que levava comida e roupas para pessoas em situação de rua, Flávio decidiu fazer algo parecido com os alunos do curso de medicina, para, além de ajudar quem precisa, também humanizar o atendimento dos futuros profissionais.
“Esse projeto que conheci em São Paulo foi algo que mudou a minha vida e queria passar isso para os alunos. Quis dar a oportunidade para que eles vivenciassem essa experiência. Não sei se eles irão mudar a visão de mundo, mas pelo menos estou tentando o que acredito”, conta o professor.
No projeto Entrega por Cuiabá os alunos, vinculados através de um projeto de extensão da UFMT, levam alimentos, roupas e até um “banho portátil” em uma carretinha levada em um carro. Mas o objetivo vai além de alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Queremos ouvir, mostrar que nos importamos, dar o mínimo de atenção para essas pessoas. Temos muitos alunos que iniciam a faculdade de medicina com sonhos e acabam perdendo isso ao longo do curso. Quero resgatar esse sentimento de ajudar o próximo”, explica Flávio.
Uma outra frente do projeto leva cachorros para interagir com idosos do Abrigo Bom Jesus de Cuiabá, além de dedicar momentos para conversar e ouvir as história dos abrigados.
Mas quem pensa que o esforço do professor para nesse projeto está enganado. Ele também é o responsável pelo cursinho gratuito promovido pelos alunos de medicina da UFMT para estudantes carentes que desejam cursar medicina, mas que não têm dinheiro para pagar pelo preparatório.
Ele afirma que todas essas ações que ele realiza são para que possa ensinar mais que o conteúdo previsto na grade curricular. “Aprendi com os meus professores que professor qualquer um pode ser, mas eu tento ser educador, dar exemplo”.
Mesmo com os problemas encontrados pelo caminho, como os recentes cortes nos recursos do governo Federal para a UFMT, Flávio não pensa em desistir dos projetos e, principalmente, desse trabalho de conscientização dos alunos.
“O que me motiva é acreditar na profissão de professor, do ensino básico até o superior. É muita responsabilidade. Ser professor é maior do que qualquer obstáculo e vai além da sala de aula. Amo o que eu faço e dar aulas é a melhor parte do meu dia”, enfatiza Flávio.
Fonte: Gazeta Digital
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