As declarações de um professor durante uma aula prática do curso de medicina em uma faculdade de Belém causaram revolta entre os alunos. Ele perguntou se uma estudante não levaria um vidro de lubrificante quando fosse estuprada, após ela responder que não passou o produto no equipamento usado na intubação de pacientes.
A Polícia Civil informou nesta sexta-feira (26) que investiga o caso como importunação sexual e o Conselho de Medicina instaurou um procedimento administrativo.
A declaração foi feita enquanto a aluna, que não quer ser identificada, treinava a prática de intubação no centro universitário. O professor questionou se ela passou lubrificante no material antes de inserir pela boca do boneco. Ela respondeu que não. “Quando a senhora for ser estuprada, quero ver se a senhora vai levar o vidrinho de lubrificante para facilitar a vida ,ou vai preferir no seco mesmo?", disse o professor em frente a outros alunos que acompanhavam o procedimento feito pela colega de turma. A situação ocorreu em uma aula em 17 de novembro, mas o vídeo com um trecho da situação repercutiu nas redes sociais na quinta-feira (25).
Um boletim de ocorrência foi registrado e o caso está em investigação na Divisão Especializada no Atendimento à Mulher. A polícia não informou se já ouviu as alunas e o professor.
Já o Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) informou que "efetivou as medidas legais previstas, instaurando o competente procedimento administrativo".
Após a repercussão, o Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz), onde a aula era ministrada, se manifestou em nota. O centro informou que "adotou todas as providências cabíveis e procedimentos administrativos para apurar os fatos, por meio do Comitê de Ética Disciplinar". "O UNIFAMAZ reafirma seu compromisso com o ensino de qualidade, pautados no respeito humano e na integridade pessoal. Dessa forma, repudia veemente qualquer prática inadequada na relação acadêmica professor-aluno", ainda diz a nota.
Segundo relatos de alunos ao g1, o professor não teria comparecido à faculdade para ministrar aulas nesta sexta (26), porém o centro universitário não confirmou se o docente foi ou deve ser afastado. O g1 não conseguiu contato com ele. Alunas criaram coletivo As imagens causaram revolta em estudantes da faculdade, principalmente entre as mulheres, que se sentiram atingidas indiretamente com o caso.
Nesta sexta-feira, um protesto era realizado por alunas em frente à faculdade contra a cultura do estupro. "Nós enquanto alunas e indiretamente vítimas desse caso, exigimos a responsabilização do docente e o comprometimento da instituição na prevenção da violência de gênero", diz Brenda Silva Lisboa Alves, aluna do 4º semestre de medicina e integrante do coletivo de mulheres estudantes. Após o ocorrido, mulheres estudantes da instituição se mobilizaram e houve uma criação espontânea de um coletivo para acompanhar o caso e cobrar medidas da faculdade. "Para mostrar que não aceitamos a cultura do estupro dentro da instituição que estamos inseridas", informaram as alunas.
Fonte: G1
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