A ciência brasileira deu um passo importante para colocar o país no Mapa Mundial do Estudo Genético das Populações.
Foi lançado nesta terça (10), em São Paulo, o projeto DNA Brasil, que pode ajudar também na pesquisa e no tratamento de doenças.
No início, eram três milhões de índios. Os portugueses chegaram e trouxeram cerca de cinco milhões de africanos escravizados. Para nossas roças e cidades migraram homens e mulheres da Europa, da Ásia: e essa mistura virou o Brasil. Mas, para uma parte da ciência, o povo brasileiro ainda é quase um desconhecido.
“Atualmente, quando vamos fazer algum exame genético, a gente se baseia no conhecimento feito com populações muito diferentes, populações dos Estados Unidos, da Europa, populações basicamente brancas. O brasileiro é muito misturado; a gente não sabe se o que foi descoberto lá se aplica à nossa mistura, ao nosso DNA indígena, africano e europeu, tudo misturado”, explicou Lygia da Veiga Pereira, coordenadora da pesquisa.
Para saber quem somos, em detalhes, precisamos conhecer o genoma de muitos, de milhares de brasileiros. O genoma é a receita que faz um ser vivo. Cada um de nós é formado por 3,2 bilhões de letrinhas que simbolizam informações genéticas. Elas dão nossas características, inscritas em linhas retorcidas conhecidas como DNA. No mundo, as pesquisas sobre a genética populacional avançam.
Estados Unidos, China, Coreia do Sul: cada um fazendo o sequenciamento do genoma de um milhão de seus habitantes. No Reino Unido, são 500 mil. Já no Brasil, não há estudos envolvendo o país todo. Mas, nesta terça, um grupo de cientistas anunciou que isso pode mudar.
Os pesquisadores conseguiram apoio para conhecer o genoma de três mil brasileiros que já participam de uma pesquisa nacional de saúde. Mas esse seria mesmo só o começo de um projeto que precisa ir muito mais longe. Saber mais sobre a nossa genética é importante para ciência, para a história. Para os brasileiros, pode significar viver mais gastando menos e melhor, com remédios e tratamentos.
Um laboratório privado cedeu equipamento e pessoal para a primeira fase. Serão sequenciados os genomas de três mil dos 15 mil brasileiros que, há dez anos, são examinados com frequência por pesquisadores do Elsa, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto. Uma empresa de tecnologia vai cruzar os milhares de informações genéticas e de saúde.
“Com o advento do conhecimento do que chamamos de arquitetura da genética da população brasileira, nós saberemos quais são as frequências das variantes ou das alterações do DNA que são comuns à nossa população. Nós conseguimos isolar as populações de mais alto risco e ter ações mais efetivas nessa população”, avaliou Gustavo Campana, diretor médico da Dasa.
O que os cientistas esperam agora são novas parcerias, ajuda para que o DNA do Brasil entre no mapa do mundo.
Fonte: Jornal Nacional
Comentarios