O hospital de campanha de Águas Lindas, região do Entorno do Distrito Federal (DF), está concluído há 23 dias, mas continua fechado. A unidade é a primeira da União construída durante a pandemia do novo coronavírus. A demora envolve um imbróglio burocrático entre o governo federal e estadual, que é quem cuidará da unidade. Goiás aguardava a transferência de gestão para que pudesse realizar os trâmites para iniciar a operação do hospital.
Em nota, o Ministério da Saúde (MS) informou que o hospital ainda está em fase de recebimento. A unidade começou a ser construída no dia 7 de abril e foi concluída, segundo o Ministério da Infraestrutura, no dia 22, dentro do prazo de 15 dias previsto. A reportagem, no entanto, apurou que ela ficou pronta um dia depois, no dia 23. Na época, houve uma visita técnica, na qual foram solicitadas algumas alterações que foram feitas no dia seguinte.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) pontuou que recebeu na semana passada um documento do MS informando que o estado estava autorizado a “adotar as providências para o funcionamento pleno do hospital”, como “iniciar as tratativas para a estruturação da gestão com equipamentos, insumos, recursos humanos e medicamentos”. Com essa autorização, a secretaria informa que tramita internamente o processo para definir o contrato de gestão para administrar a unidade, algo que ficará a cargo de uma Organização Social (OS).
Na semana passada, o secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, já havia dito que a partir do momento que detivesse a gestão da unidade (o que ainda não tem), precisaria de cerca de 15 dias para dar início à operação – pensando no prazo para contratar uma OS para gerir a unidade e o período que a instituição precisaria para contratar pessoal e deixar a unidade pronta para receber pacientes.
Na última terça-feira (12), houve outra vistoria no local, dessa vez mais detalhada, e foram cobradas mais correções – como arrumar lâmpadas e altura de torneira, mas nada que impeça o funcionamento do local para atender pacientes com covid-19. As alterações já foram feitas e outra vistoria deve ser marcada para a próxima semana.
Desde o dia que a unidade está pronta, surgiram 157.161 novos casos de covid-19 no Brasil e 11.087 pessoas morreram. Só em Goiás e DF, foram 3.455 novos casos e 119 mortes pela doença causada pelo coronavírus. A unidade custou R$ 10 milhões para ser erguida, e tem previsão de funcionamento de quatro meses. Local possui 200 leitos, todos adaptáveis com tubulação e suporte para respiradores.
O Entorno é uma região carente, possui 1,5 milhão de habitantes e nenhum leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na última quinta-feira (14), o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), disse que publicaria um decreto para impedir que pacientes do Entorno com covid-19 fossem atendidos pelas unidades públicas de Saúde do DF. No mesmo dia mais tarde, no entanto, ele recuou.
Recursos
A Assembleia Legislativa de Goiás aprovou um projeto de lei, sancionado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), que autoriza a abertura de créditos extraordinários de R$ 351 milhões para os hospitais de campanha. O governo usará parte do recurso para compra de respiradores para o hospital de Águas Lindas e outros investimentos no local.
O governo estadual também pediu ao Ministério da Saúde a compra de equipamentos e tem um processo licitatório em aberto para a compra de pelo menos 350 ventiladores, leitos e outros equipamentos.
Fonte: Correio Brasiliense
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