Alimentos ultraprocessados podem ser atraentes, gostosos e práticos de comer. A facilidade e o baixo custo estão entre as razões pelas quais esse tipo de produto é altamente consumido.
O Ministério da Saúde alerta que os ultraprocessados são nutricionalmente desbalanceados e possuem alto teor de gorduras, açúcares e de sódio. A ingestão desses alimentos está associada ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, sendo o colorretal o mais comum.
Esse tipo de produto contém adição de ingredientes prejudiciais à saúde, podendo causar doenças como hipertensão, diabetes, obesidade e depressão. Além disso, geram um vício no organismo, que cria uma rotina alimentar com baixa qualidade nutricional.
Para diferenciar alimentos processados, ultraprocessados ou in-natura, é importante ler os rótulos das embalagens. Confira no quadro abaixo as principais diferenças entre os tipos de alimentos:
In natura: são obtidos diretamente de plantas ou animais, sem que tenham sofrido qualquer alteração
Processados: fabricação industrial, com adição de sal, açúcar ou outro produto que torne o alimento mais durável e atrativo visualmente
Ultraprocessados: são formulações industriais que são produzidas em várias etapas de processamentos. Contêm substancias sintetizadas em laboratórios, que são extraídas de alimentos e de outras fontes orgânicas
Diferentemente dos alimentos processados, a maioria dos ultraprocessados é consumida ao longo do dia, substituindo alimentos como frutas, leite e água ou, nas refeições principais, no lugar de preparações culinárias.
A lista inclui biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes e macarrão instantâneo. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos naturais ou minimamente processados.
“Os alimentos ultraprocessados devem ser consumidos o mínimo possível. Devemos sempre priorizar aqueles in natura. Não precisa ser algo radical, mas o consumo dos ultraprocessados deve ser mais esporádico. Além disso, um acompanhamento nutricional é muito importante”, afirma a nutricionista Loraine Ferraz, do Hospital Federal do Andaraí (HFA), no Rio de Janeiro.
A nutricionista, que atende diariamente pessoas com obesidade no Serviço de Atendimento e Tratamento da Obesidade Mórbida (Satom) do hospital, afirma que é muito comum as pessoas deixarem de lado os alimentos naturais e priorizarem esse tipo de produto, principalmente por serem de rápido consumo.
Alimentação saudável
Adotar uma alimentação saudável vai além da escolha individual. Fatores econômicos, políticos, culturais e sociais podem influenciar positiva ou negativamente no padrão de alimentação das pessoas.
Morar em bairros ou territórios onde há feiras e mercados que comercializam frutas, verduras e legumes com boa qualidade torna mais fácil a adoção de padrões saudáveis de alimentação, por exemplo.
Por outro lado, o custo mais elevado dos alimentos minimamente processados diante dos ultraprocessados, a necessidade de fazer refeições em locais onde não são oferecidas opções saudáveis de alimentação e a exposição intensa à publicidade de alimentos não saudáveis contribuem para dificultar a mudança no padrão de nutrição.
O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, considera essas especificidades e recomenda a preferência por alimentos naturais ou minimamente processados, além da valorização de variedades de origem vegetal como a base da alimentação.
“A geladeira e a despensa devem estar sempre muito organizadas, com frutas, legumes e verduras frescos. Para não cair em tentação sempre, evite ter guloseimas e itens ultraprocessados dentro do armário. No restaurante, nada muda: opte por aqueles alimentos que estão dentro do cardápio proposto pelo nutricionista”, afirma a médica nutricionista Roberta Cassani, pesquisadora associada da Unicamp e membro da diretoria científica da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN).
Alimentos processados
O Ministério da Saúde recomenda limitar o uso de alimentos processados, consumindo-os, em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.
Os ingredientes e métodos usados na fabricação de processados – como conservas de legumes, compota de frutas, queijos e pães – alteram de modo desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam.
Alimentos processados são produtos relativamente simples e antigos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário como óleo ou vinagre a um alimento natural ou minimamente processado.
As técnicas de processamento desses produtos se assemelham a técnicas culinárias, podendo incluir cozimento, secagem, fermentação, acondicionamento dos alimentos em latas ou vidros e uso de métodos de preservação como salga, salmoura, cura e defumação. Em geral, os alimentos processados são facilmente reconhecidos como versões modificadas do alimento original.
A lista inclui conservas de alimentos inteiros preservados em salmoura ou em solução de sal e vinagre, frutas inteiras preservadas em açúcar, vários tipos de carne com sal adicionado e peixes conservados em sal ou óleo, queijos feitos de leite e sal (e microrganismos usados para fermentar o leite) e pães feitos de farinha de trigo, água e sal (e leveduras usadas para fermentar a farinha).
Nos exemplos citados, o objetivo do processamento industrial é aumentar a duração de alimentos e, frequentemente, torná-los mais agradáveis ao paladar. Embora o alimento processado mantenha a identidade básica e a maioria dos nutrientes do alimento do qual deriva, os ingredientes e os métodos de processamento utilizados na fabricação alteram de modo desfavorável a composição nutricional.
A adição de sal ou açúcar, em geral em quantidades muito superiores às usadas em preparações culinárias, transforma o alimento original em fonte de nutrientes cujo consumo excessivo está associado a doenças do coração, obesidade e outras doenças crônicas.
Ultraprocessados
A fabricação de alimentos ultraprocessados, feita em geral por indústrias de grande porte, envolve diversas etapas e técnicas de processamento e muitos ingredientes, incluindo sal, açúcar, óleos e gorduras e substâncias de uso exclusivamente industrial.
Ingredientes de uso industrial comuns nesses produtos incluem proteínas de soja e do leite, extratos de carnes, substâncias obtidas com o processamento adicional de óleos, gorduras, carboidratos e proteínas, bem como substâncias sintetizadas em laboratório a partir de alimentos e de outras fontes orgânicas como petróleo e carvão.
Muitas dessas substâncias sintetizadas atuam como aditivos alimentares que estendem a duração dos alimentos, além de acrescentar cor, sabor, aroma e textura mais atraentes ao consumo.
As técnicas de processamento utilizadas na fabricação incluem tecnologias exclusivamente industriais, como uso da farinha de milho para fazer salgadinhos de pacote, versões industriais de técnicas culinárias, como o pré-processamento com fritura ou cozimento, além de embalagens sofisticadas em vários tamanhos e apropriadas para estocagem do produto ou para consumo imediato.
Entre os ultraprocessados estão vários tipos de guloseimas, bebidas adoçadas com açúcar ou adoçantes artificiais, pós para refrescos, embutidos e outros produtos derivados de carne e gordura animal, produtos congelados, produtos desidratados (como misturas para bolo, sopas em pó, macarrão instantâneo e tempero pronto), além de diversos produtos como cereais matinais, barras de cereal e bebidas energéticas.
Pães e produtos panificados tornam-se alimentos ultraprocessados quando, além da farinha de trigo, leveduras, água e sal, seus ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.
Uma forma prática de distinguir alimentos ultraprocessados de alimentos processados é consultar a lista de ingredientes dos rótulos de alimentos embalados que possuem mais de um ingrediente.
Um produto faz parte da categoria de ultraprocessados quando conta com um número elevado de ingredientes (como cinco ou mais) e a presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias (gordura vegetal hidrogenada, óleos interesterificados, xarope de frutose, isolados proteicos, agentes de massa, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de aditivos).
Fonte: CNN
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