Pharrell Williams, cantor conhecido por sucessos como "Get Lucky" e "Happy", estrela o documentário Piece by Piece, lançado no dia 11 de mês, onde revela sua experiência com a sinestesia, condição neurológica que lhe permite vivenciar a música de uma forma única: ele não apenas ouve sons, mas que também os percebe como cores. Essa habilidade lhe permite relacionar cada nota, melodia ou ritmo a um espectro de cores em sua mente, o que ele descreve como um “arco-íris textual de cores”.
Para Pharrell, essa característica representa uma poderosa ferramenta criativa e foi fundamental em sua carreira artística.
O que é sinestesia?
A sinestesia é uma condição neurológica que afeta aproximadamente 4% da população e ocorre quando uma pessoa experimenta um sentido através de outro. Segundo o professor Jamie Ward, neurocientista especializado em sinestesia da Universidade de Sussex, no Reino Unido, essa condição permite que uma experiência sensorial, como o som, ative outra, como a visão. Portanto, alguns sinestetas podem “ver” sons, “provar” palavras ou “cheirar” formas.
Pharrell explica no documentário que ver as cores o ajuda a identificar se uma melodia está no tom correto. Essa habilidade não apenas permite que você ajuste sua música, mas também oferece controle único sobre suas composições.
Em uma entrevista anterior, Williams compartilhou que, quando era jovem, ficava concentrado na frente do alto-falante, “observando” as cores de cada som. “Não é algo que você vê com os olhos físicos, é algo que você vê com os olhos da mente”, disse o cantor.
Um diferencial de criatividade
A sinestesia não é uma doença nem requer tratamento, mas é vista mais como uma peculiaridade neurológica que pode aumentar a criatividade. Na verdade, é comum em indústrias criativas, como música e arte. Estudos demonstraram que pessoas com essa condição tendem a ter padrões únicos de conectividade cerebral, o que facilita essa mistura sensorial.
No caso da sinestesia de Pharrell, o córtex visual e auditivo do cérebro pode ser ativado simultaneamente, criando uma associação cor-som muito vívida e previsível. Embora para muitos como ele esta experiência seja um estímulo positivo, algumas pessoas com sinestesia podem considerá-la perturbadora.
No entanto, esta condição não representa risco à saúde nem altera o funcionamento cognitivo. De um modo geral, a sinestesia oferece uma percepção sensorial única, e Pharrell adotou-a como fonte de inspiração que influenciou a sua carreira e a sua criatividade.
Conforme indicado pela Universidade Clínica de Navarra, na Espanha, “deve-se destacar que a sinestesia não é considerada um distúrbio ou uma doença, mas sim uma variação da percepção sensorial, sendo fundamental compreendê-la no âmbito da neurologia e da psicologia médica”.
Fonte: O Globo
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