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Tamanho dos dedos revela traços psicológicos e doenças mentais, mostra estudo; veja como descobrir



Uma equipe de pesquisadores da Suíça, do Irã, do Reino Unido e do Canadá constatou uma ligação entre o comprimento dos dedos e determinados traços psicopatológicos. Mais especificamente, o trabalho analisou a relação entre alguns diagnósticos com a chamada razão 2D:4D, em que se divide a a extensão do dedo indicador pela do anelar. O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Psychiatric Research.


Os cientistas explicam que a razão 2D:4D é alvo de uma série de estudos há anos, desde que foi identificado que a exposição fetal à testosterona durante a gestação influencia a medida de forma inversamente proporcional.


De forma resumida, quando o dedo indicador (2D) é menor do que o anelar (4D), ou seja, a razão fica negativa, a exposição ao hormônio foi maior do que o comum – e quanto menor a razão, mais alta a exposição. Já quando o dedo indicador é maior ou igual ao anelar, a razão fica positiva e, quanto mais acima de 1, menor a exposição à testosterona.


“A nível comportamental, entre adultos, uma relação 2D:4D mais baixa (dedo anelar maior do que o indicador) foi associada a um desempenho competitivo mais elevado entre atletas profissionais femininos e masculinos, e com traços de personalidade, tais como pontuações mais altas para resistência mental, traços da tríade obscura e comportamento agressivo, e transtorno de uso da internet”, escreveram os autores no estudo.


Um trabalho publicado em 2019 no Journal of Affective Disorders por pesquisadores americanos, por exemplo, encontrou uma relação entre a razão 2D:4D mais baixa em indivíduos com transtorno de bipolaridade.


— O tema é interessante, porque a relação entre os comprimentos do dedo indicador (2D) e do dedo anelar (4D) é um dos marcadores biológicos mais robustos formados durante a fase pré-natal, com um impacto notável posteriormente no comportamento de um adulto — disse o autor do novo estudo Serge Brand, da Universidade de Basel, na Suíça, e da Universidade de Ciências Médicas Kermanshah, no Irã, em entrevista ao portal PsyPost.


No novo trabalho, os cientistas avaliaram 80 pessoas dividas em dois grupos. O primeiro, com 44 indivíduos, era formado por 25 com diagnóstico de transtorno relacionado ao uso de anfetaminas e metanfetaminas – uso recreativo e abusivo das substâncias estimulantes –; 10 com transtorno de personalidade antissocial (TPAS) e 9 com ambos. O segundo, para comparação, era formado por 36 voluntários saudáveis.


Os responsáveis coletaram imagens da palma da mão direita de todos os participantes para medir a razão 2D:4D e conduziram questionários com os 44 que sofriam com algum transtorno para avaliar traços de tríade obscura (conceito que envolve a combinação de maquiavelismo, narcisismo e psicopatia), narcisismo vulnerável e intolerância à incerteza.


Como resultado da análise, os pesquisadores observaram que o primeiro grupo, daqueles que tinham as psicopatologias, apresentou “proporções 2D:4D estatisticamente significativamente mais baixas”, ou seja, era mais comum que tivessem o dedo indicador menor do que o anelar e uma exposição mais elevada à testosterona na gestação.


Além disso, proporções mais baixas da razão 2D:4D foram relacionadas a características mais altas da tríade obscura, embora não tenham sido associadas a diferenças na sensibilidade ao narcisismo ou na intolerância à incerteza.


— Ficamos surpresos ao observar uma associação tão linear entre sintomas mais elevados de psicopatologia e proporções 2D:4D mais baixas. Isso quer dizer que quanto mais um participante adulto apresentava sinais de psicopatologia, mais parece que ele foi exposto a concentrações mais altas de testosterona e mais baixas de estrogênio durante o período pré-natal da vida — resume Brand.


No entanto, o pesquisador destaca que o estudo tem limitações, como envolver voluntários de apenas um centro psiquiátrico e ter sido conduzido com uma amostra pequena de participantes. Além disso, Brand reforça que, embora exista uma relação segundo as evidências científicas, isso não quer dizer que a razão 2D:4D determine a personalidade do indivíduo ou o desenvolvimento de uma psicopatologia, seja ela qual for.


— É importante compreender que a proporção do comprimento dos dedos como medida de uma exposição específica a esteroides sexuais pré-natais não deve ser entendida como o destino irrevogável de uma pessoa — diz.


Fonte: O Globo

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