Sentir dores no período menstrual é algo comum. Cerca de metade das pessoas que menstruam sentem dores por até três dias por mês, as famosas cólicas. É comum também apresentar alterações digestivas como vômitos, gases, distensão abdominal e diarreia. Existem uma série e analgésicos e remédios para aliviar as cólicas. No entanto, nem todos esses tratamentos são bem tolerados ou funcionam para todos os tipos de pessoas. A ciência vem estudando o papel dos alimentos em relação à inflamação no corpo humano.
Em um artigo publicado no site The Conversation, as especialistas Lauren Ball — diretora da Dietitians Australia e professora de Saúde Comunitária e Bem-Estar da Universidade de Queensland —, Emily Burch — nutricionista, membro da Dietitians Australia e professora da Southern Cross University —, e Pui Ting Wong — nutricionista e doutoranda no Centro de Saúde e Bem-Estar Comunitário da Universidade de Queensland (UQ) — revisaram diversos artigos científicos de alta qualidade e listaram os alimentos que devem ser consumidos e aqueles que devem ser evitados para reduzir as cólicas menstruais.
Alimentos que podem aliviar dores menstruais ou cólicas
Alimentos que contêm ômega-3
No início deste ano, os pesquisadores da Deakin University, na Austrália, publicaram uma meta-análise na qual analisaram todos os dados disponíveis sobre o impacto dos ácidos graxos ômega-3 nas dores menstruais. Eles descobriram que dietas ricas em ácidos graxos ômega-3 (incluindo suplementos de 300-1.800 miligramas por dia) durante dois a três meses podem reduzir a dor e o uso de analgésicos em pessoas com menstruação dolorosa.
O ômega-3 pode ser encontrado em alimentos como sementes de chia, nozes, linhaça, salmão, arenque, sardinha, cavala, ostras e feijão. O composto também está presente em óleos, incluindo óleos de peixe, bacalhau, linhaça, soja e canola.
Estudos já mostraram que o ômega-3 afeta as vias de sinalização associadas à inflamação e à dor.
Alimentos ricos em vitamina E
Há algumas evidências de que os suplementos de vitamina E reduzem as dores menstruais. Em um estudo feito por pesquisadores da Tarbiat Modares University, no Irã, mulheres tomaram suplementos de vitamina E (90 miligramas, duas vezes por dia) durante cinco dias, começando dois dias antes do início esperado da menstruação, ao longo de quatro períodos menstruais. Isso reduziu significativamente a gravidade e a duração da dor menstrual.
Os alimentos ricos em vitamina E incluem sementes (principalmente as de girassol), nozes (como amêndoas, avelãs e amendoins) e espinafre, brócolis, kiwi, manga e tomate.
Alimentos que podem piorar dores menstruais ou cólicas
Alimentos altamente processados
As pesquisas divergem um pouco sobre o impacto de dietas ricas em alimentos altamente processados nas dores menstruais. Uma revisão de 2022, feita por pesquisadores do Irã, descobriu que o consumo de açúcar tinha pouca associação com menstruações dolorosas.
Por outro lado, "estudos observacionais (que não envolvem intervenção) sugerem que mulheres que comem mais alimentos processados podem ter dores menstruais mais intensas", observaram as autoras. Um estudo de conduzidos por pesquisadores da Ashiya College, uma universidade do Japão, descobriu que adolescentes do sexo feminino que comiam alimentos rápidos ou processados durante dois dias ou mais por semana relataram mais dores menstruais em comparação com aquelas que não o faziam.
"Portanto, comer menos alimentos processados pode ser algo a considerar", orientaram as autoras.
São considerados alimentos altamente processados aqueles de consumo rápido e que já vem prontos para consumo, como fast foods, batatas fritas, biscoitos, donuts, carnes processadas e refrigerantes.
Cafeína
Alguns estudos já associaram a cafeína à dor menstrual. "Embora não saibamos o mecanismo subjacente preciso, os investigadores pensam que a cafeína pode estreitar os vasos sanguíneos, o que limita o fluxo sanguíneo, levando a cólicas mais fortes", explicaram as especialistas.
Café e bebidas energéticas são alguns exemplos de produtos ricos em cafeína.
Álcool
Beber álcool não é um fator de risco reconhecido para dores menstruais. No entanto, o uso intenso e crônico de álcool reduz os níveis de magnésio no sangue. O magnésio é um fator importante para relaxar os músculos e apoiar o fluxo sanguíneo.
Na dúvida, é melhor evitar, já que o consumo de álcool não traz nenhum benefício para a saúde. Na verdade, pode causar graves doenças. O consumo excessivo de álcool é associado a pelo menos sete tipos diferentes de câncer: cabeça e pescoço (cavidade oral, faringe e laringe), esôfago, fígado, mama e colorretal. Além disso, o álcool aumenta o risco de uma pessoa ter hipertensão arterial, doenças cardíacas, fibrilação atrial e acidente vascular cerebral (AVC). O consumo excessivo também é a principal causa de doenças hepáticas, como a esteatose hepática (gordura no fígado) e a cirrose.
Fonte: O Globo
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