O ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro anunciou nesta sexta-feira, 24, sua saída do governo Jair Bolsonaro. Moro convocou um pronunciamento para as 11 horas no Ministério da Justiça, quando oficializou seu desembarque do governo. “Me foi prometida carta branca”, disse ele, que afirmou concordar com saída de Maurício Valeixo da diretoria da Polícia Federal e de outras trocas na cúpula, contanto que houvesse motivos consistentes. “Não são aceitáveis indicações políticas na PF”, afirmou, que analisou que o presidente realmente o queria fora do cargo.
Acossado por teorias de que pode ser traído a qualquer momento por seus auxiliares, Jair Bolsonaro costuma dizer que nenhum ministro é insubstituível. No início do mês, no auge do esgarçamento da relação com o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente afirmou que usaria a caneta para assinar a demissão de subordinados que estavam “se achando” e tinham “virado estrelas”. O recado da ocasião tinha destinatário certeiro, mas não perdeu a validade. Pela lógica da ala ideológica bolsonarista, se o governo sobreviveu à queda de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, também poderia dar seguimento a um antigo desejo do presidente, o de trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
Desde o alastramento de casos de Covid-19 pelo país, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, voltou a ser um dos alvos preferenciais de grupos bolsonaristas, que avaliam que o mais popular dos auxiliares de Jair Bolsonaro deveria usar seu capital político em favor do presidente e endossar discursos como o do isolamento vertical. Moro se recusa a reverberar críticas mais duras a governadores, frequentes destinatários de ataques das hordas bolsonaristas, adota cautela diante de estudos científicos que mostram que a cloroquina e a hidroxicloroquina poderiam ser utilizadas no tratamento de pacientes e a interlocutores com quem se reuniu nos últimos dias disse se sentir injustiçado diante das cobranças por mais atuação na crise. “É uma crise de saúde, não é uma crise de segurança. Não tem como prender o vírus”, declarou Sergio Moro a auxiliares.
Apertem os cintos
A saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça nesta sexta-feira (24) coloca o Brasil em mares revoltos, segundo o empresário José Seripieri Junior, da QSaúde.
“Navegar por mares revoltos nunca é uma boa opção, exceto quando, por circunstâncias aleatórias à nossa vontade, é fruto da imponderabilidade. Porém, essa embarcação se chama Brasil”, afirma Junior, que também é fundador da Qualicorp.
“Apertemos os cintos de segurança, além da dramática crise da Covid-19”, diz o empresário.
José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp – Sivia Costanti/Valor
do ministro preocupa empresários, que estimam forte instabilidade política, com aprofundamento da crise econômica.
Fonte: Veja
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