top of page
Foto do escritorPortal Saúde Agora

Viajar é bom, mas requer cuidados com a saúde

Incentivados pelo maior número de feriados nacionais que poderão ser prolongados —são nove no total— e os sinais de melhora na economia, o brasileiro deve viajar mais em 2020. Junte a isso o fato de que pegar a mochila ou mala e conhecer outros lugares está mais acessível.

Há opções para todos os tipos de gosto e bolso que vão desde a facilidade do pagamento e promoções, compartilhamento de informações e dicas sobre roteiros, opções de transporte —carro, ônibus, avião e até carona agendada por aplicativo— e de hospedagem: do resort com comida e bebida inclusos ao hostel com quartos compartilhados e aluguel de imóveis também por apps. Sim, viajar é bom, está mais fácil, mas requer cuidados com a saúde que começam junto com a escolha do roteiro.

RELACIONADAS

“Os cuidados com a saúde começam na escolha do destino e data e continuam durante a viagem. É importante verificar, por exemplo, o clima do local, se há focos de doenças contagiosas, condições de saneamento e o tipo de viagem programada. Os cuidados a serem tomados em uma viagem que exige esforço físico, como a caminhada de Santiago de Compostela, são diferentes de uma viagem para um local onde o frio é intenso e há neve”, explica o infectologista Gustavo Henrique Johanson, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), especializado em Medicina do Viajante.

1. Vacinação

Imagem: iStock

Antes de fazer as malas, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda que o viajante verifique se a carteirinha de vacinação está em dia e verifique as imunizações indicadas ou exigidas no local escolhido. “Vacinação é uma questão de saúde pública e um cuidado individual com ou sem viagem programada”, alerta Flávia Bravo, presidente da SBIm-RJ (Sociedade Brasileira de Imunizações do Rio de Janeiro) e gerente médica do CBMEVi (Centro Brasileiro de Medicina do Viajante). A imunização protege não somente o viajante, mas também a população local do destino escolhido. Países que exigem dos turistas que apresentem o comprovante de vacinação contra a febre amarela não têm a doença e querem evitar que ela seja importada. Por isso, é importante saber quais vacinas cada localidade exige. Para terem efeito, as vacinas devem ser tomadas pelo menos 15 dias antes de colocar o pé na estrada.

Sarampo – A vacina contra o sarampo integra o PNI (Programa Nacional de Imunizações) e é gratuita. Por causa do aumento dos casos de sarampo no país, todas as crianças com idade entre 6 meses e 1 ano devem ser vacinadas (dose zero). Crianças que completaram 1 ano devem receber a injeção com a primeira dose e a segunda dose aos 15 anos. Adultos com até 29 anos que tomaram apenas uma dose precisam tomar a segunda. Já pessoas com 30 a 49 anos que não tomaram nenhuma dose, não se lembram ou perderam o cartão de registros, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação com uma dose.

Febre amarela – Anteriormente, a vacina era ofertada para apenas algumas regiões do país que tinham registro da doença. Com o registro de casos em outras localidades, a recomendação da vacina foi ampliada para todo o território nacional e é indicada como rotina a partir dos 9 meses de idade para a primeira dose com reforço aos quatro anos. Para pessoas de 2 a 59 anos, a recomendação é uma dose.

Hepatite B – A vacina contra a doença, transmitida pela exposição a fluidos corporais infectados —incluindo sêmen— está no calendário nacional e é oferecida gratuitamente no SUS (Sistema Único de Saúde). “Alguns estudos que mostram maior número de relações sexuais sem proteção entre viajantes. A hepatite B pode ser evitada com a vacinação, mas outras doenças, como sífilis, não”, lembra Flávia Bravo, da SBIm-RJ.

Febre tifoide – Não faz parte do calendário de rotina de vacinação do brasileiro, mas a vacina é recomendada para quem vai viajar para localidades onde a incidência da doença é grande. “Indivíduos que se deslocam principalmente para a África e sudeste da Ásia, onde a febre tifoide é mais comum, precisam se imunizar”, explica Gustavo Henrique Johanson, do Einstein.

2. Trombose venosa ou Síndrome da Classe Econômica

A trombose venosa é a coagulação do sangue em veias superficiais ou profundas, o que leva à formação de trombos que podem se deslocar pela corrente sanguínea, causando consequências graves para a saúde. Entre elas, embolia pulmonar e até morte súbita. Quando desenvolvida durante viagens aéreas, a doença é popularmente chamada de Síndrome da Classe Econômica, embora ela possa acometer todos os passageiros.

Dentro da cabine do avião, a pressão atmosférica fica mais baixa e a circulação do sangue, mais lenta. Soma-se a isto a tendência à desidratação (na maioria das vezes não percebida pelo passageiro) causada pelo ar condicionado frio e o ambiente seco e ainda a falta de movimento do corpo durante o voo.

“Literalmente o sangue vai engrossando. Se a pessoa tiver algum pequeno fator que facilite a trombose, como uso de anticoncepcional, varizes, obesidade ou outras doenças, o quadro pode aparecer”, explica o cirurgião vascular Hilton Waksman, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Na maior parte das vezes, a trombose venosa ocorre nos membros inferiores e, muito raramente, nas duas pernas ao mesmo tempo. Os sintomas mais comuns são: inchaço e dor na perna, enrijecimento da panturrilha e febre eventual. “É um processo agudo. A pessoa pode até terminar o voo sentindo alguma coisa”, continua o médico.

Para prevenir a trombose, recomenda-se o uso de meias de compressão elástica, que melhoram o fluxo sanguíneo, além da ingestão de bastante líquido, evitando bebida alcoólica, e caminhadas dentro do avião”, diz Waksman.

3. Jet Lag

O Jet Lag ou descompensação horária é o mal-estar causado pela troca de fuso horário depois de uma viagem longa. Enjoo, cansaço, irritação e insônia são alguns sintomas da confusão que o organismo sofre com as mudanças de fuso e rotina. Às vezes, o indivíduo sai de dia de um lugar e 12 horas depois, quando chega ao destino, ainda é dia. Para minimizar os efeitos desta confusão do organismo, deve-se fazer o preparo prévio do corpo: de forma gradativa, adaptar os horários (como refeições e sono) de acordo com o relógio do destino e dormir no avião. Hidratação, boa alimentação e exercícios também ajudam após o desembarque.

4. Alimentação

Comum em viagens, a intoxicação alimentar tem entre seus sintomas diarreia e vômito. Em lugares onde há dúvidas sobre higienização dos alimentos, é preciso evitar qualquer tipo de alimento cru. “Os alimentos só podem ser consumidos se tiverem passado por alta temperatura, seja pelo processo de fritura, de cocção ou serem assados. É a forma de eliminar qualquer microrganismo”, alerta Flávia Bravo, da SBIm e CBMEVi.

Quanto à água, preferir a mineral engarrafada e evitar gelo é o caminho. “Se você não sabe a procedência do que está comendo, evite-a”, ressalva Flávia. Para frutas, a dica é sempre comê-las descascadas. “Não estou dizendo para não comer no ambulante, mas na hora de escolher, prefira os estabelecimentos mais cheios. Isso vale para restaurantes. Confie no seu olho, nariz e paladar. Achou esquisito, não coma.”

5. Sexo desprotegido

Viajantes fazem mais sexo desprotegido, de acordo com uma série de pesquisas internacionais. Uma delas, realizada em 2013 com turistas holandeses, mostrou que das 42% parcerias sexuais casuais entre holandeses em viagens para países tropicais, 39% foram sem preservativo. Outro estudo do mesmo ano, mas realizada com 415 mochileiros estrangeiros no entorno da movimentada rua Khao San Road, em Bancoc, na Tailândia, relevou que 107 afirmaram ter feito sexo casual durante a permanência no país. Destes, 45% afirmaram nem sempre terem usado preservativo. Camisinha previne a gravidez e todas as doenças sexualmente transmissíveis e deve estar na mala.

6. Frio intenso e neve

Imagem: Tim Laman/National Geographic Creative

Quem pretende passar uma temporada esquiando ou em locais com frio intenso e neve deve se preocupar não apenas em manter o corpo aquecido. É preciso usar protetor solar e proteger os olhos para evitar problemas como a cegueira da neve e queimaduras na pele.

Cegueira da Neve ou snowblindness – A combinação sol, neve e vento, típica em estações de esqui, altitudes elevadas e regiões no extremo do globo terrestre representam um perigo para os olhos. A neve reflete 80% dos raios ultravioletas (UV). Quando em contato com os olhos sem proteção, pode queimar as córneas. “Quanto maior a altitude, a radiação ultravioleta é maior. Seu reflexo nas córneas pode causar queimaduras sérias. Por isso, quem vai caminhar na neve por longos períodos ou esquiar precisa usar óculos com proteção ultravioleta específico para esta atividade”, diz o médico Gustavo Henrique Johanson.

Queimaduras de pele – O mesmo acontece com a pele, especialmente a do rosto, que precisa de protetor solar. “Os viajantes costumam usar agasalhos, luvas, mas muitas vezes se esquecem de proteger a face”, afirma Johanson. Radiação UV não tem nada a ver com temperatura. Pode estar menos -15ºC e, ainda assim, a pessoa ter uma queimadura de segundo ou terceiro grau na pele.

7. Calor intenso

Viagens pelas regiões quentes e ensolaradas requerem roupas adequadas (ou seja, leves), uso de protetor solar e hábito de ingerir água para manter a hidratação do corpo.

8. Atividades físicas

Viajantes que optarem por roteiros que exigem longas caminhadas, escaladas ou esforço físico devem se preparar com antecedência. “Um check-up médico com avaliação cardiovascular ajuda a evitar complicações durante a viagem e deve ser considerado”, aconselha Johanson. O uso de calçados e roupas apropriadas também precisa ser planejado. Para trilhas, por exemplo, é preciso considerar o uso de calças e camisas de manga longa para evitar arranhões e picadas de insetos, e usar tênis.

9. Medicamentos de uso contínuo

Medicamentos de uso contínuo devem ser levados na bagagem de mão e acompanhados da prescrição médica, se possível em inglês quando a viagem for internacional. O motivo é facilitar o trabalho da fiscalização nos aeroportos e a compra dos produtos fora do país, caso seja necessário. Eles devem ser levados sempre na bagagem de mão e dentro das caixas originais. “Muitas pessoas carregam seus remédios nos porta-comprimidos. Mas imagine se o viajante passar mal. Como quem estiver socorrendo saberá quais remédios ela usa?”, pondera Flávia Bravo.

10. Acidentes de trânsito

Acidentes de trânsito em viagem são umas das principais causas de mortes de turistas. Uma das causas é o consumo de bebidas alcoólicas. Outra é o desconhecimento das leis de trânsito do país de destino. As pessoas ficam mais relaxadas nas viagens e acabam deixando de lado cuidados básicos válidos em qualquer país. Beber e dirigir não combinam e estar atento às regras de trânsito é fundamental para a segurança de todos.

Fonte: UOL

4 visualizações0 comentário

Commentaires


bottom of page