Preso sob a suspeita de manter uma paciente em cárcere privado após um erro médico, o cirurgião equatoriano Bolívar Guerrero Silva oferecia um pacote de procedimentos plásticos de quatro a cinco cirurgias, que poderiam ser pagos em um carnê. O pacote foi batizado de "x-tudão".
O médico teve a prisão prorrogada nesta sexta-feira (22). O consultório de Guerrero no Hospital Santa Branca, onde a paciente denunciou que foi mantida em cárcere, contava com um time de divulgadoras do seu trabalho que atuava em grupos de Whatsapp e redes sociais, que atraía a clientela oferecendo cirurgias plásticas com preços abaixo do mercado e facilidade no pagamento. O time de divulgadores de Bolívar tentava vender o máximo de procedimentos estéticos e, claro com a mesma facilidade.
Aderindo ao pacote X-Tudão, a cliente teria direito a:
Lipoaspiração - técnica que através da sucção retira o excesso de gordura de uma determinada região do corpo.
Abdominoplastia - cirurgia plástica abdominal para retirada do excesso de pele na região.
Lipoenxertia - Lipoenxertia é uma técnica de cirurgia plástica que usa a gordura do próprio corpo para preencher, definir ou dar volume a certas partes do corpo. Em geral, as clientes optavam por colocar a gordura no bumbum
Mastopexia - cirurgia plástica para levantar as mamas. Pode ser feita simples ou com colocação de silicone.
Carnê
Os interessados em operar com o médico equatoriano poderiam pagar à vista, parcelado no cartão e, quando o cliente não dispunha de nenhum desses mecanismos, poderia usar um carnê da clínica para poder iniciar o parcelamento do seu procedimento.
Como funcionava o carnê?
O chamado Carnê de Cirurgia Programada era distribuído todas as terças e quartas com uma consulta incluída.
O interessado agendava a consulta para um desses dias e pagava o valor de R$ 1 mil de entrada da cirurgia e ter acesso ao carnê.
O valor restante da cirurgia poderia ser parcelado em até 12 vezes ou ainda em parcelas menores com um saldo a ser pago no dia da cirurgia no cartão.
Assim, um paciente cujo procedimento custasse R$ 15 mil, por exemplo, poderia:
Dar R$ 1 mil para pegar o carnê e negociar 12 parcelas do saldo de R$ 14 mil nele, com 12 de R$ 1.1666;
Dar R$ 1 mil para pegar o carnê, negociar 12 parcelas de R$ 583,33 nele e quitar o saldo de R$ 7 mil no dia da cirurgia à vista ou parcelado no cartão do paciente.
A ideia é que o paciente/cliente quitasse e marcasse seu procedimento em até um ano, podendo realizar antes – desde que quitasse seu carnê/dívida.
Caso a pessoa tivesse algum imprevisto e não conseguisse pagar e operar em um ano, poderia atualizar o carnê.
Em caso de desistência, os divulgadores afirmam que apenas o dinheiro da consulta inicial seria descontado do valor já pago e o restante devolvido. A prisão do médico Bolívar Guerrero Silva foi preso no dia 18 de julho quando estava dentro do centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias. Segundo a polícia, ele mantinha uma mulher em cárcere privado depois que ela teve complicações depois de uma cirurgia de abdominoplastia e está em estado grave. A mulher, de nome Daiana Cavalcanti vinha tentando ser transferida de hospital, mas o cirurgião dificultou a transferência, mesmo com duas liminares da Justiça.
Daiana está internada desde junho desse ano no Hospital Santa Branca, e foi transferida na manhã desta quinta-feira (21) para o Hospital Geral de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Bolívar responde a pelo menos 19 processos na Justiça por erros médicos e teve sua prisão temporária mantida pela Justiça após audiência de custódia.
Após a divulgação do caso de Daiana, pelo menos 11 mulheres já compareceram à Delegacia da Mulher de Duque de Caxias para denunciar o médico. Em um dos casos, familiares de um jovem foram ao local denunciar que suspeitam que a familiar tenha morrido por erro médico após um procedimento, mas teve a morte atestada como complicações por Covid.
Fonte: G1
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